tag:blogger.com,1999:blog-39913788224439692412024-03-05T12:21:39.513-08:00Arlindo Lopes CorrêaArlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-18166149771009899032020-01-27T12:54:00.000-08:002020-01-27T12:54:09.318-08:00FUTEBOL E VINHO: QUANTO MAIS VELHOS, MELHORES1. FUTEBOL DOS TEMPOS DE DON DON NO ANDARAHY – Vocês teriam coragem de sentar na cadeira de um dentista que se chamasse MARRETA ? Só louco, não é ? Pois o meu dentista é o Marreta, vulgo Ronald Alzuguir, meu amigão, colega de turma desde o 2º. Ano Primário até o 3º. Ano Científico. Primeiro aluno brilhante e orador de sua turma na Faculdade Nacional de Odontologia da UFRJ. Caráter íntegro, ser humano de primeira categoria. Graças a seus passes magistrais fui Campeão de Futebol e artilheiro (com 8 gols) dos Jogos Colegiais do Rio de Janeiro pelo Mello e Souza. Ronald foi craque de futebol profissional do Botafogo, do Guarani e do Flamengo, além de ”bilula” do Seu Nenem, no Americano, time famoso do futebol de areia em Copacabana. O apelido Marreta era por causa da sua virilidade natural como bom half back direito... É, naquele tempo a nomenclatura ainda era inglesa: eu, por exemplo, era center forward. Pois bem: só agora descobri que Ronald tem um blog no qual conta as histórias deliciosas que viveu com Garrincha, Newton Santos, Manga, Zezé Moreira etc de um futebol ainda romântico, que já não existe mais. Amantes do futebol, visitem http://marretapopular.blogspot.com que vocês vão gostar ! E foi vendo o blog do Ronald que me lembrei do primeiro jogo de futebol profissional a que assisti. Infelizmente, só recordo que estava com meu primo Amilcar em uma arquibancada de cimento e o jogo corria lá embaixo. Como Amilcar era vascaíno, o jogo só podia ser do cruzmaltino... Mas é só. Porém do segundo jogo a que assisti, desse eu me lembro muito bem: Flamengo x Vasco, 1944, campo da Gávea, decisão do tricampeonato para os rubro-negros. Na época eu era flamenguista. Meu pai torcia pelo Flamengo...Quem me levava aos jogos era um amigo dele, Dr. Borges, da sua roda diária de pôquer – todas as noites, religiosamente, tinha jogo na minha casa. Dr. Borges, sempre de charuto na boca, me pegava pela mão e lá íamos pela Visconde de Pirajá, onde morávamos, até o Jardim de Alah. Passado o canal, chegávamos ao ponto do vendedor de laranjas, com aquela maquininha de manivela e roda dentada que ia tirando a casca da fruta em tiras fininhas, certinhas. E que tinha um canivete muito afiado, com o qual cortava a parte superior do fruto já descascado e sempre muito doce, gostoso como não se vê mais...Chupando laranja, embicávamos para dentro da favela, a famosa Praia do Pinto, cortando caminho. Passávamos pelas balisas impecáveis do campo de terra do glorioso time da favela – o Águia Futebol Clube – e pouco depois chegávamos às roletas do Flamengo. Dr. Borges era sócio-proprietário e ficávamos na Tribuna de Honra. Ao lado, à direita, acima da Tribuna, as cabines de rádio e os locutores célebres da época: Ary Barroso, Gagliano Neto, Oduvaldo Cozzi. Meus olhos brilhavam de encantamento. Entraram em campo pelo Flamengo nesse dia: Jurandir, Newton e Quirino; Biguá, Bria e Jayme; Valido, Zizinho, Pirilo, Tião e Vevé. Naquele tempo os jogadores entravam com a bandeira do clube que minutos antes passeava pelo campo, levada por moças que iam angariando as moedas jogadas pelos torcedores para completar as eternas obras das gerais, lá do lado da Lagoa, no precário Estádio da Gávea. Antes ainda, entravam garotos-carregadores com grandes painéis de propaganda e davam a volta olímpica no campo anunciando Cafiaspirina, Urodonal, Leite de Rosas, Aspirina Bayer, Hidrolitol, Eucalol, Palmolive e coisas assim... Publicidade móvel, precursoras das placas atuais. O barulho era uma constante, com a Charanga do Jayme de Carvalho a todo pano. O técnico era Flávio Costa, conhecido como “o marido de Dona Florita Costa” – a qual mandava em tudo, até na escalação do time... Dizem ! Naquele dia, o maior jogador brasileiro de todos os tempos – na minha modesta opinião - o mestre Zizinho, deu um show de bola e nem o elegante center half do Vasco, um craque excepcional, o Príncipe Danilo Alvim, conseguiu pará-lo. Quase no final, apesar do Vasco ter um timaço, veio o gol de Valido, cabeçada da entrada da grande área, que o goleiro Barqueta não conseguiu pegar. Um delírio espantoso, Flamengo tricampeão, uma loucura total ! Dr. Borges pediu que eu corresse e pegasse a bandeira de córner do lado esquerdo das balisas onde o Barqueta levou o golaço do Valido. E assim foi feito...Eu tinha 7 anos e corria muito rápido. (O neto do Dr. Borges, Getúlio Brasil, que foi Vice-Presidente do Flamengo, me disse recentemente que essa bandeirinha, essa peça histórica de nosso futebol, deve estar com seu irmão mais velho, o Áldano). Na volta, mais Praia do Pinto, já em festa, com as “tendinhas” cheias de torcedores “enchendo a cara” de cachaça e cantando “Flamengo, Flamengo, tua glória é vencer...” Inesquecível ! Muito bom, como diz a canção: “Nossa vida era mais simples de viver. Não tinha tanto miserê, nem tinha tanto ti-ti-ti. No tempo que Don Don jogava no Andaraí...”<br />
2.CUIDADORES CUIDADOSOS – Preocupa-me muito o despreparo de nosso País para o envelhecimento acelerado de nossa população. Em blog anterior, observei que as Unidades de Polícia Pacificadora - UPPs do Rio de Janeiro são acompanhadas de várias melhorias sociais para as favelas arrancadas do poder dos traficantes, mas nunca reservam uma sala que seja para que os velhos da comunidade possam ali passar o dia, bem cuidados e protegidos, enquanto seus parentes mais jovens vão trabalhar. Uma lacuna grave, sanável a baixo custo, pois também assinalei que os próprios idosos se entreajudariam, de modo a minimizar despesas com profissionais. Agora, ao removerem favelados das áreas de risco para outras moradias, dignas e seguras - providência que, como as UPPs, todos fluminenses devem aplaudir com entusiasmo - as autoridades continuam omitindo esse componente de política social que considero essencial ao bem estar da população idosa e facilitadora da empregabilidade de seus filhos e netos. Em contrapartida, gostei muito de ler no NEW YORK TIMES que, nos Estados Unidos, em 2008, 28% dos 3,2 milhões das cuidadoras domésticas de idosos americanos tinham 55 ou mais anos de idade. Estima-se que em 2018 o número total desse tipo de trabalhador, nos lares e instituições dos Estados Unidos, chegará a 4,3 milhões. E que o contingente das cuidadoras com 55 anos e mais vai crescer 30%. Sua trajetória profissional é geralmente a mesma: zelaram por algum familiar idoso e após sua morte ingressaram no ramo. Têm grandes vantagens comparativas: conhecem o estresse familiar nessa situação, respeitam a idade, não olham a velhice como uma doença, trocam experiências com os idosos e há mútua empatia. Sua limitação, em geral, é física: não poderem tratar de doentes que precisam erguer seguidamente. No mais, são ótimas. Carinhosas. Cuidadosas. Esse fenômeno, verificado nos Estados Unidos, ainda tem outra vantagem importantíssima: cria empregos para idosos, possibilitando que o conceito de “envelhecimento ativo”, muito praticado também na Europa, seja viabilizado. No Brasil, por exemplo, a empregabilidade da turma da terceira idade é praticamente nula, qualquer que seja sua qualificação e não se veem políticas públicas realmente eficazes para minimizar essa exclusão laboral, com a qual o País perde muitos braços e cérebros ainda aptos a contribuir para o desenvolvimento nacional. Tema que espero não faltar quando da tão ansiada reforma da legislação trabalhista brasileira.<br />
3. UPPs RENTÁVEIS – Boa notícia para os cariocas. Os imóveis desvalorizados, por estarem situados nas áreas de metástase urbana, causada pela proximidade de favelas, estão recuperando quase imediatamente seus valores originais após serem resgatadas pela implantação das UPPs. O aumento da arrecadação futura, pelo Estado, do respectivo Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), vai pagar boa parte do projeto. O restante, o aumento do ICMS do comércio revitalizado nessas mesmas áreas acabará cobrindo a médio prazo. A Política Estadual de Segurança deu tiro certeiro na mosca, com bala de prata !<br />
4. EUROTURISMO EM CRISE – A crise bateu forte, principalmente, nos países europeus que dependem muito do turismo: Espanha, Grécia e Portugal. Caíram os fluxos turísticos provenientes dos Estados Unidos e de outras nações européias e a despesa média unitária dos viajantes e o impacto foi desastroso. O desemprego espanhol já supera 20% e em Portugal está em 10,5%. Essa taxa portuguesa é inédita, Portugal sendo historicamente um país de baixos níveis de desocupação. Tive um amigo português, humilde, trabalhador braçal, que ocasionalmente desempregado se queixou a mim, desesperado, dizendo: Doutor, estou perdido, porque a única coisa que sei fazer é trabalhar ! O esforço português se concentra nas exportações para os países africanos lusófonos, que estão crescendo aceleradamente Aliás, Portugal aposta muito no mercado da nova classe média brasileira para comprar seus maravilhosos vinhos, pois nosso País consome só 2 litros por habitante por ano e há larga margem para crescimento. Portanto, agora no inverno, vamos ajudar a indústria vinícola dos “patrícios”, minha gente !Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-53321924827434907982011-02-11T11:34:00.000-08:002020-01-29T05:03:55.291-08:00EM BUSCA DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADEOportuno o pronunciamento da Presidente Dilma sobre Educação, ao ensejo do início do novo ano letivo. A mim, que já trabalhei nesse setor, trouxe novas esperanças, mas também a grande dúvida: como nossos governantes vão enfrentar o desafio da qualidade ? Os problemas quantitativos estão cada vez mais fáceis de resolver, inclusive pelo fato de a evolução demográfica brasileira ser altamente favorável – crescimento populacional reduzido e contingentes cada vez menores nas faixas etárias compreendendo a infância e a adolescência. Os investimentos no setor educacional estão crescendo no ritmo adequado e as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) facilitam em muito o trabalho pedagógico, assim como o atingimento dos locais mais remotos de nosso vasto território. Mas a receita tradicional não está funcionando e a qualidade permanece decepcionante. A pontuação obtida pelos estudantes brasileiros no teste PISA, realizado pela OCDE e envolvendo dezenas de países, é cronicamente desfavorável: estamos sempre entre os últimos colocados. Mas como enfrentar esse desafio ? Não creio que apenas medidas ortodoxas, adotadas em outros países ao longo das últimas décadas – e que estão sendo imitadas em nosso País - possam resolver o problema brasileiro, cheio de especificidades culturais que têm grande influência no sucesso de programas de massa como são os educacionais. O funcionamento pleno de um sistema de educação continuada, aberto a todos os brasileiros, e a adoção maciça das novas tecnologias de ensino (TIC), para todas as classes populacionais, são medidas consagradas globalmente e certamente adequadas em nosso caso. Mas é preciso mais... Entender a alma brasileira, seus vícios e virtudes. Dentre as pessoas que visitam este blog estão muitos educadores e interessados em Educação. Deixo-lhes, sem maiores detalhes, três sugestões que não estão sendo cogitadas no Brasil e que gostaria que comentassem, à base das experiências que viveram:<br />
a) Fazer da escola o centro da comunidade, com todas as implicações, internas e externas, que esse papel central há de ter.<br />
b) Criar o conceito de “garantia de qualidade” em Educação – garantia que os estabelecimentos e agentes educacionais, públicos e privados, indistintamente, devem ser obrigados a dar a quem utiliza seus serviços.<br />
c) Implantada a educação continuada – que deve acontecer em todos os lugares, para todos, durante toda vida – o lar, e mais especificamente a família, passa a ser o sujeito/objeto privilegiado do processo. De tal forma que, a exemplo do “médico de família”, devemos instituir de imediato o “professor de família”, que irá aos lares necessitados e atuará sobre todos os seus membros – crianças, adolescentes, adultos e idosos – principalmente orientando-os sobre os caminhos da educação continuada disponíveis localmente, para superar as barreiras do conhecimento.<br />
Pensem nisso e comentem, pois há muito trabalho pela frente e o tempo voa...<br />
PS - Este texto só pode ser citado, total ou parcialmente, dando-se crédito ao seu autor.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-76615847722081447962010-07-25T12:04:00.000-07:002010-07-25T16:20:56.539-07:00VENCEDOR VERMELHO DE VERGONHA1. VENCEU O PIOR – meu último blog começava pelo título “VENCEU O MELHOR” e era uma elegia ao time de futebol da Espanha, bravo campeão da COPA DO MUNDO DA ÁFRICA DO SUL. Pois hoje o título é o antônimo e o protagonista principal também é espanhol, mas de estirpe bem diferente: esse tal de Alonso – figura patética, depois de tentar ultrapassar Felipe Massa e não conseguir. “É ridículo”, bradava,, como se sua incompetência fosse culpa do adversário. E choramingava – ele sim, ridículo - certamente apelando para que uma força maior, ainda mais imoral, lhe desse a dianteira imerecida. E a voz superior da “Máfia Rossa” acudiu prontamente e lá se foi ele para o pódio, desperdiçar o Sekt alemão, ao lado de sua vítima. Esporte, “mens sana in corpore sano”, ética, saúde mental e moral. Na Fórmula 1, está mais do que provado, nada disso existe. Lembram da vergonha do Piquet, provocando um acidente, pondo em risco a vida alheia, para “arrumar um resultado” exatamente para esse mesmo Alonso ? E prejudicando o mesmo Massa, que perdeu preciosos pontos que posteriormente ter-lhe-iam lhe dado o Campeonato ? Jamais voltarei a assistir a essas corridas da Fórmula 1. Qual a graça de uma corrida em que não ganha quem corre mais ? Lembram do Rubinho com o Schumacher ? Continua tudo na mesma. Quer dizer, quem ainda continuar vendo essa competição é porque gosta de ser enganado. E eu não gosto...E acho que deveria haver uma corrente na internet concitando todo mundo a ignorar a Fórmula 1, que merece ser justamente levada à falência, banida e desprezada. Ou devemos continuar prestigiando a desonestidade ao vivo e a cores, em cadeia mundial ?<br />
2. MEMÓRIAS - Uma vez, fui com o Ministro Roberto Campos almoçar no Museu de Arte Moderna e ele me disse ironicamente que lá não comiam pessoas físicas - só pessoa jurídica. Era muito caro...mas naquele dia o Governo Brasileiro ia pagar, porque o almoço era importante. Antes de encontrarmos nossos convidados ilustres, chegou ao restaurante o Marechal Costa e Silva com sua "entourage", já eleito Presidente da República. Roberto Campos devotava-lhe um desafeto profundo. Costa e Silva desestabilizara o Governo Castello Branco quando soube que o Presidente estava articulando a passagem do seu cargo para o Deputado Bilac Pinto, de Minas Gerais, de modo a interromper os Governos Militares e restabelecer a Democracia. Costa e Silva era o Ministro da Guerra, estava "picado pela mosca azul" e tinha as armas na mão. Vai daí... Já Roberto Campos, este considerava Castello Branco um grande estadista e o venerava. Jamais perdoou Costa e Silva. Estranho muito que eu nunca tenha visto essa circunstância histórica escrita nos livros sobre o período autoritário.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-55713245571292895712010-07-15T18:10:00.001-07:002010-07-16T12:29:14.806-07:00MOBRAL: CAMPEÃO DA COPA DO MUNDO DE ALFABETIZAÇÃO1. VENCEU O MELHOR - Gostei da vitória da Espanha na COPA. É o país que mais investe no futebol profissional mundial e propicia os melhores espetáculos desse esporte atualmente. Claro que preferia a vitória do Brasil, mas como não deu... Na COPA de 1950, no Maracanã, a Espanha me possibilitou ver uma das maiores atuações de uma equipe e de um jogador de futebol: a seleção brasileira liderada por Zizinho, para mim o maior craque brasileiro de todos os tempos. E nós todos, nas arquibancadas, cadeiras e gerais, cantávamos em coro: “Eu fui às touradas de Madri...” Enquanto o Brasil “enfiava” 6 x 1 nos espanhóis. Devo as grandes emoções daquele dia remoto à Espanha. Além do mais, no caso específico do jogo da Final deste ano, minha torcida era bem definida. Os holandeses desenvolvem um futebol violento e intencionalmente maldoso. No jogo com o Brasil entraram deliberadamente para que algum jogador brasileiro fosse expulso – e conseguiram ! Desde o início da partida foram desleais, se atiravam ao solo em todos os contactos com os jogadores brasileiros e reclamavam um cartão do juiz. Apitaram o jogo sob a complacência do árbitro. Aliás, a COPA foi caracterizada por árbitros fracos, erros clamorosos, uma bola indomável e um público maravilhoso. Olé ! E arriba Espanha !<br />
2. COPA DE 2014 – Já marquei com meu amigo Carlos Eduardo da Silva Pinto para vermos juntos um dos jogos da COPA de 2014. Em 1950 estávamos no Maracanã quando o Brasil estreou contra o México, vencendo por 4 x 0. O motorista do Dr. Mário da Silva Pinto, pai de Carlos Eduardo, nos levou - éramos muito garotos. Carlos Eduardo me lembrou outro dia que havia uma grande poeira cinza pairando sobre todo o estádio, pronto poucas semanas antes do evento. Como chove pouco no Rio em junho e julho e não o lavaram.. Ficamos espremidos no meio da multidão, mas a vitória compensou. Nos jogos posteriores do Brasil, contra a Espanha e a Suécia, fui com a turma de rapazes mais velhos da Montenegro – Dilermando, Vantuil, José Fernandes e Paulo Príncipe, se não me engano. Foi um milagre me deixarem ir, mas por influência do Dr. Álvaro Borges, amigão do meu pai, fui liberado. O aperto continuou o mesmo, mas as vitórias da nossa Seleção foram inesquecíveis. Em 2014 vamos revisitar juntos - Carlos Eduardo e eu - aquelas velhas emoções.<br />
3. EMPREGO PARA TODOS - O primeiro semestre de 2010 foi bom para os trabalhadores brasileiros, com a criação acumulada de 1.473.320 novos empregos formais – quase 250 mil a cada mês. Em junho houve a geração de 212.952 postos de trabalho. O Brasil tem hoje 34.474.339 empregos com carteira assinada, uma das maiores forças de trabalho do mundo.<br />
3. BEM-AMADO – vem aí o filme Bem-Amado, com o Nanini, recordando aquela novela em que Paulo Gracindo deu um show de representação. Seu personagem, o Prefeito Coronel Odorico Paraguaçu, ficou mal-afamado sobretudo pelo seu empenho em construir um cemitério em seu Município. Na novela isso aparecia como uma falha grave de gestão na Prefeitura. Preconceito de citadinos. No meu tempo de MOBRAL, ao fazer um Censo de analfabetos, nossa Coordenadora no Rio Grande do Norte, Lurdinha Bittencourt, chegou ao sopé de uma serra que diziam habitada por umas poucas pessoas. A turma do MOBRAL subiu, em quatro horas de caminhada. Surpresa. Encontrou milhares de pessoas vivendo lá, fora do mundo... Na poética Serra do João do Vale. O MOBRAL começou a trabalhar com a comunidade descoberta, alguns funcionários chegaram a morar lá durante algumas semanas e realizaram uma campanha de alfabetização intensiva, cursos de educação sanitária, atividades culturais, treinaram monitores locais etc etc etc Lurdinha foi ao Governador Tarcísio Maia, obteve seu apoio e uma estrada começou a ser construída. Os moradores da Serra penavam: costumavam descer a pé, em grupo, revezando-se como carregadores, quando era preciso transportar seus mortos. Diziam que como seu cemitério não havia sido benzido por um padre, ocorriam problemas macabros: de quando em vez as sepulturas apareciam reviradas. Daí, enterrarem seus defuntos tão longe, em Augusto Severo. Sua maior aspiração era ter um cemitério inaugurado por um padre. Não sabiam que os muros tinham que ser aprofundados com cortinas de concreto, para evitar a entrada de tatus no Campo Santo – esse era o problema dos túmulos revirados. De qualquer forma, o Governador Lavoisier Maia, sucessor de Tarcísio, reconstruiu o cemitério, foi lá de helicóptero com um padre para inaugurá-lo e o povo ficou feliz como ninca. Em 8 de setembro de 1981 - eu já havia saído do MOBRAL - a UNESCO nos deu seu maior Prêmio de Alfabetização pelo trabalho na Serra do João do Vale. Por termos descoberto um Brasil lindo, mas desconhecido e abandonado...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-42546002793876222762010-06-30T05:10:00.000-07:002010-06-30T05:10:08.385-07:00ENVELHECIMENTO ATIVO COM MAIS EMPREGOS PARA IDOSOS1.GERAÇÃO DE EMPREGOS EM MAIO BATE RECORDE - O mercado de trabalho formal brasileiro absorveu mais 298.041 trabalhadores em maio e já registra a criação de 1.260.368 empregos em 2010. São dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), coletados e processados pelo Ministério do Trabalho, após serem enviados pelas empresas sediadas no País. Entre os setores que mais empregaram em maio estão Serviços (86.104), Agricultura (62.247), Indústria de Transformação (62.220), Comércio (43.465) e Construção Civil (39.082). Em termos geográficos, houve expansão do emprego em 25 das 27 Unidades da Federação. Tudo indica que em 2010 haverá oportunidades de trabalho em número superior ao de todos os jovens que chegam à idade ativa – cerca de 1,7 milhão. O que significa que ainda vamos resgatar do desemprego alguns milhares de trabalhadores atualmente desocupados. <br />
2.JABULANI – Finalmente a FIFA emitiu uma nota dando conta que a conveniência do lançamento dessa nova bola - que já está sendo usada na COPA DO MUNDO – deve ser discutida. Só que agora é tarde, a bola prejudicou a performance técnica de muitos jogadores nos primeiros jogos e neles o espetáculo perdeu brilho. Neste momento os jogadores já se adaptaram e os chutes estão melhorando. Insanável incompetência da FIFA. Ponto para o marketing da fabricante da bola que alcançou uma notoriedade inédita. <br />
3. TERCEIRA IDADE DISCRIMINADA – Há anos me interesso pelos problemas da população da terceira idade. Estou ansioso para conhecer os resultados do Censo de 2010, para saber se os problemas dos idosos no Estado do Rio de Janeiro, entrevistos em 2000, foram amenizados ou não. A exemplo do que já ocorrera no Censo de 1991, dentre os Estados, era o Rio de Janeiro que apresentava maior proporção de idosos em 2000: a população residente de 60 anos e mais de idade, com 1.540.754 componentes, correspondia a 10,7% do total (em 1991 fora 9,2%). Do total de idosos do Rio de Janeiro, em 2000, 475 mil tinham de 60 a 64 anos; 389 mil de 65 a 69 anos; 302 mil de 70 a 74 e 374 mil tinham 75 ou mais anos de idade. Nossa população idosa é predominantemente feminina. No Brasil, em 2000, a mulher vivia 8 anos mais do que os homens e 55% dos idosos eram mulheres e 45% homens. No Estado do Rio de Janeiro a feminização se agudiza: tínhamos 41,5% de homens (638.860) contra 58,5% de mulheres (901.894). Dentre os Municípios das Capitais, também a Cidade do Rio de Janeiro, com 751.637 idosos, tinha 12,8% da população total com 60 e mais anos de idade - o perfil mais envelhecido no País em 2000 e que já se aproximava do que ocorria nas nações desenvolvidas. Havia então 294 mil homens e 458 mil mulheres nessa faixa etária (e portanto 61% eram do sexo feminino). Quando se observava em 2000 a população idosa fluminense, verificava-se sua condição predominantemente urbana, seguindo os padrões da população nacional: 11.825.829 citadinos contra 2.710.200 rurícolas, ou 81,3% contra 18,7%. Todavia, ao desagregar esses dados, verificar-se-á que há proporcionalmente mais mulheres idosas nas zonas urbanas e mais homens velhos nas zonas rurais – neste último caso porque há maior longevidade no trabalho masculino no campo. O que também chamou a atenção no Censo de 2000, relativamente aos idosos, foi seu papel familiar: 62,4% dos idosos eram responsáveis por domicílios, contra 60,4% observados em 1991. Os cônjuges desses responsáveis representavam 22,0% dos idosos, o que mostra que 84,4% das pessoas da terceira idade, em 2000, tinham um papel de destaque na nova família brasileira. Assim, 8.964.850 lares tinham um idoso como responsável, o que era muito expressivo (20%) no conjunto de 44.795.101 domicílios existentes no País. A feminização está progredindo e 37,6% (equivalentes a 3.370.503) dos idosos responsáveis já eram mulheres em 2000, contra 31,9% em 1991. A idade média dos responsáveis estava próxima dos 70 anos (70,2 anos para a mulher e 68,9 quando homem). Dos domicílios sob a responsabilidade de idosos merecem atenção os unipessoais – com apenas um morador – que eram 1.603.883 em 2000, dois terços dos quais ocupados por mulheres. Aliás, analisado o problema da solidão como um todo, o Estado do Rio de Janeiro lidera na proporção de domicílios unipessoais, com 11,2% do total. Outro aspecto revelado pelo Censo é que 22,3% dos aposentados brasileiros trabalham: 30,2% dos homens e 14,1% das mulheres. O fenômeno era sobretudo intenso nas zonas rurais, em que 31,2% dos aposentados trabalhavam, enquanto nas cidades o percentual era de 20,2%. Quanto aos rendimentos, os dados revelaram uma certa melhora nos rendimentos médios percebidos pelos responsáveis idosos no período intercensitário, principalmente nas zonas rurais do PaÌs. Contudo, de uma forma geral, a distribuição dos responsáveis idosos por classes de rendimento ainda se encontra extremamente concentrada nos estratos de renda inferiores. O idoso leva certas desvantagens, sendo seu nível educacional o principal deles. Em 2000 a escolaridade dos idosos estava abaixo da média, principalmente entre as mulheres. Considerando apenas os idosos responsáveis por domicílios, a média de anos de estudo das pessoas com 60 e mais anos de idade era 3,4, sendo a dos homens 3,5 anos e a das mulheres 3,1. Nesse particular o Estado do Rio de Janeiro tinha a maior média nacional, de 5,4 anos, superado apenas pelo Distrito Federal (6,0 anos). Nossa Capital tinha a terceira melhor média em anos de estudo (6,9), superada ligeiramente por Porto Alegre (7,1) e Florianópolis (7,2). Por outro lado, esses responsáveis também apresentaram uma ligeira melhora no aspecto educacional, aumentando a proporção de idosos alfabetizados entre 1991 e 2000, embora a média de anos de estudo deste segmento ainda seja extremamente baixa. A tese de que as campanhas de alfabetização devam ignorar os idosos é destituída de razão. Muito ao contrário, deve-se investir no aumento da escolaridade dos mais velhos além de se criarem mecanismos de certificação de suas habilidades e conhecimentos obtidos pela própria vivência prolongada, o que é totalmente compatível com a filosofia mais moderna de educação continuada. Mesmo porque os dados aqui alinhados revelam que os idosos necessitam e querem dispor de melhores meios econômicos e financeiros para se desincumbirem de suas obrigações familiares. Consequentemente, a dimensão laboral ganha realce e o idoso tem que ser olhado sob esse novo prisma das oportunidades ocupacionais. A política de envelhecimento ativo deve integrar o ideário obrigatório de todos os nossos Governos !Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-63343209740864044522010-06-17T17:38:00.000-07:002010-06-17T17:38:12.391-07:00JABULANI VOLÁTIL COMO O PERFUME DAS BRASILEIRAS CAMPEÃS1.MEU FRACO POR PERFUMES... – Gostei de conhecer o site de Gloria Taveira sobre Aromaterapia (http://www.spagloriataveira.com.br ). Desde a juventude tenho um “fraco” por perfumes. Comecei na década dos 50, com o “Avant la Fête” argentino e quando fui jogar voleibol pelo Fluminense em Buenos Aires, em 1957, passei a usar o Lancaster. Muito melhor, descoberto nas andanças com Átila, Naga, Parker, Ronaldo, Mário, Jonjoca e Careca ao longo da Calle Florida. Pelo Chambley, também portenho, nunca passei - não fazia meu tipo, achava horroroso...Em 1959 fui a Paris, também jogando voleibol, disputando a Petite Coupe du Monde pela Seleção Brasileira e visitei incontáveis vezes a Rue Rivoli, então a Meca dos Perfumes, para conhecer as novidades. Lá, conheci uma Colônia que usei durante muitos anos: verde, levemente cítrica,suave, foi ótima enquanto durou. Voltei muitas vezes a Paris, por força de meus trabalhos com a UNESCO e a compra obrigatória era ela, a Colônia Fougère Royale Pour Homme. Mas numa dessas viagens veio a notícia trágica: “a minha Colônia” não era mais fabricada... Desde então, transito indeciso por muitas marcas, sem me fixar em qualquer delas: CK, Hugo Boss, Kenzo, Polo, Ermenegildo Zegna... As visitas à SEPHORA continuam dando grande prazer, mas falta algo... Queria mesmo, de volta, o Fougère Royale, de preferência junto com a minha mocidade... Numa visita à Riviera, já nos anos 90, fui à Cidade de Grasse, onde crescem as lavandas e outras flores notáveis, lá mesmo transformadas em essências maravilhosas. Mas a minha... nem lá existia mais. A “fougère”, criada em 1882 por Paul Parquet, foi o primeiro perfume contendo uma substância química sintética que os consumidores aceitaram bem – era a cumarina, achada na Natureza na lavanda, trevo e feijão Tonka. E Grasse foi minha derradeira tentativa...<br />
2.AROMATERAPIA - Gostei do que o site da Glória conta: “A história da aromaterapia, dos homens pré-históricos aos dias de hoje, passa pelos egípcios, gregos e romanos. O uso de substâncias aromáticas, em rituais, por sacerdotes, em forma de incenso e em mumificações, era uma prática freqüente no antigo Egito. Na Grécia Antiga acreditavam que os perfumes eram formulados pelos deuses, e os utilizavam em remédios aromáticos e cosméticos. Roma, por sua vez, tornou-se a Capital mundial dos banhos: os romanos utilizavam os óleos aromáticos em massagens ou como pós-banho. O conceito moderno e atual da aromaterapia, definida como “uma forma holística de cura”, foi assim proposto, no final da década de vinte, pelo químico francês René M. Gatefossé, após queimar as mãos no laboratório da família e mergulhá-las no líquido mais próximo – uma tigela com óleo essencial de lavanda. Acidentalmente, ele descobriu as propriedades dermatológicas e medicinais dos óleos essenciais, ao constatar que a queimadura sarou e não deixou cicatrizes. Impressionado com o resultado, Gattefossé começou a pesquisar as propriedades dos óleos essenciais e em 1928 lançou seu livro intitulado “Aromatherapie”. (Silva, 1988). Durante a segunda Guerra Mundial, Jean Valnet, médico francês, empregou os óleos essenciais em feridos, o que lhe trouxe reconhecimento nas curas holísticas. No pós-guerra continuou suas pesquisas e em 1964 seu livro foi publicado. (Silva, 1988). A Marguerite Maury, bioquímica francesa, foi creditado o uso moderno da aromaterapia. Ela concluiu, após pesquisas, que basta o uso externo em massagens com sinergia individualizada para se obter os efeitos desejados. (Silva, 1988). Hoje, a aromaterapia é praticada mundialmente e com critérios científicos: os aromaterapeutas usam os óleos essenciais para promover beleza e saúde do corpo, da mente e da alma.” Gostei !<br />
3. BRASILEIRAS CAMPEÃS MUNDIAIS NO MILITAR DE VÔLEI FEMININO - A hegemonia brasileira no voleibol volta a ser confirmada: nossa Seleção Militar Feminina conquistou o título do 31º Campeonato Mundial Militar, disputado na Base dos Fuzileiros Navais de Cherry Point, na Carolina do Norte, Estados Unidos da América. A final foi contra a Alemanha e o Brasil venceu por 3 x 0. Foi a primeira participação de uma equipe militar brasileira feminina no Campeonato Mundial. As brasileiras deram show: a 3º Sgt Fernanda Garay foi eleita a melhor jogadora da competição; a 3º Sgt Juciely, o melhor bloqueio; e a 3º Sgt Ana Cristina, o melhor saque. A capitã da equipe brasileira, 3º Sgt Camilla Adão recebeu o troféu que ficará no Brasil até os Jogos Mundiais Militares do Rio de Janeiro, em 2011.<br />
4.A BOLA TUDO PODE – Insisto na importância da bola e de suas características para a performance esportiva de alto nível. A bola tudo pode. Se alterássemos, por exemplo, a confecção da bola de voleibol, desenvolvendo tecnologia que permitisse que ela não tivesse gomos, mas mantivesse suas demais características de maneabilidade e durabilidade, as cortadas perderiam velocidade e o jogo (principalmente o masculino) seria mais interessante, porque o ponto custaria mais a acontecer. E quem nos ensina isso são os estudos científicos sobre turbulência. Uma bola inteiriça, sem gomos, teria maior arrasto, deslocar-se-ia com menor velocidade, facilitaria as defesas em geral. Agora, se colocarem ranhuras, como as da pele dos tubarões (que deram origem aos maiôs inteiriços de natação, agora proibidos), a bola passará a “voar”, em alta velocidade. Foi o que fizeram com a Jabulani. Um exemplo bem estudado e conhecido para todos entenderem: o desenho da bola de golfe, cheia de “covinhas”, visa maximizar o seu deslocamento após a tacada. A tacada com a bola oficial de golfe, com suas reentrâncias, atinge até 250 metros. Calcula-se que a mesma tacada em uma bola de golfe do mesmo material, mas sem covinhas ( “dimples” em inglês), não passaria dos 100 metros. A Jabulani, a grande “estrela” da COPA até agora, é um “tubarão, disfarçado de peixe voador” e quando bate no chão sobe a alturas inimaginadas, enganando os jogadores e engolindo a reputação dos goleiros.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-53406144679127654042010-06-09T05:51:00.000-07:002010-06-09T05:51:33.992-07:00PIB SOBE MAIS QUE JABULANI1.PIB DA RECUPERAÇÃO – Segundo dados do IBGE, a economia brasileira, de janeiro a março deste ano, cresceu 2,7% na comparação com o quarto trimestre de 2009. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, quando a crise ainda era aguda, a alta do PIB foi de 9%. O desempenho da indústria (crescimento de 4,2%) foi excelente, mas a Agricultura (com 2,7%) e os Serviços (com 1,9%) também mostram uma economia pujante, recuperada e que vai crescer no mínimo 6% este ano. Vamos empregar este ano, no mercado de trabalho formal, cerca de 1,8 milhão de pessoas. Agora é preciso segurar a euforia da economia e domar a inflação, aumentando os juros, para termos um ano muito bom. <br />
2. JABULANI - posso entender perfeitamente porque os jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, que disputa a COPA DO MUNDO da África do Sul, são os que mais reclamam da bola oficial do certame. Para atletas exponenciais, de um esporte de competição em alto nível, a bola do jogo tem muitos mistérios já desvendados com grande esforço e que, devidamente aproveitados, levam à vitória. Uma alteração importante em suas características – como parece ter ocorrido agora - pode anular anos de treinamento e tirar-lhes uma arma tática preciosa. Os brasileiros são os futebolistas de técnica individual mais refinada. Vai daí, são os que mais têm a perder com a mudança... Seus chutes têm muito mais mistério do que se imagina. Quando atleta, minha “intimidade” com a bola decorreu da curiosidade em relação ao saque. A observação do fabuloso e temido serviço executado pelas jogadoras japonesas no início da década dos 60 chamou-me atenção. Bola e saque, com aquela precisão nipônica, para um engenheiro como eu, sugeria aplicações da Física, sobretudo da Dinâmica, com o uso dos conceitos de quantidade de movimento, velocidade e turbulência entre outros. Decidido a melhorar minha performance, estudei o saque tático mais eficaz para o voleibol daquele tempo e que eu poderia executar com o mínimo de erros. Não era um saque para fazer ponto e não era violento. Objetivava dificultar o passe e consequentemente limitar as variações de jogada que o levantador adversário poderia executar. Depois de anos de observação, estudos e exercícios de “ensaio e erro” concluí que deveria executar um saque em que a bola se deslocasse parada, sem movimento de rotação, porque, ao contrário do senso comum, a rotação dá estabilidade à bola e eu desejava exatamente que ela se tornasse instável ao final de sua trajetória. Para isso, aprendi como e onde deveria golpear a bola, qual o posicionamento ideal e o movimento do braço a executar (o que, aliás, causava uma vibração/solicitação exagerada dos tendões do meu ombro). Sabendo que a bola de voleibol era esférica mas não homogênea, porque havia um peso um pouco maior no ponto em que a válvula era colocada, concluí que seu posicionamento em relação à área do golpe na bola teria influência sobre o desvio objetivado na fase final da trajetória, imediatamente antes de chegar ao defensor. Não tive um técnico que me ensinasse. Foi autodidatismo puro. E quando a bola era mudada – aprendi na prática - era preciso uma adaptação às novas condições. Mais ou menos demorada. Deduzi assim, com o tempo, que o saque das nipônicas era também o resultado de um aprimoramento técnico conduzido com o método experimental. Não poderia ter sido um desenvolvimento teórico, com a utilização das equações de Stokes-Navier, que são aplicadas na descrição dos movimentos turbilhonares de fluidos (o ar passando pela bola que se desloca), pois sua operacionalização era (e ainda é) muito problemática. Não havia supercomputadores na época e o meio mais prático e adequado para testes aerodinâmicos era o túnel de vento, ainda hoje usado nos projetos de novos aviões, mas que dificilmente teria também sido utilizado para eficientizar os saques das nipônicas, simulando o efeito da turbulência sobre a bola de voleibol, por causa das dificuldades teóricas e práticas inerentes. Provavelmente, imaginei, utilizou-se um enfoque empírico, de ensaio e erro, até chegar-se ao saque ideal para cada jogadora, a partir do que foi levado a efeito um treinamento intensivo das atletas envolvidas, de modo a automatizar a execução do saque. Foi o que eu também fiz, para chegar a um saque “desagradável” para meus adversários: aquele em que o movimento da bola se tornava instável ao chegar ao defensor e descrevia o chamado “swing”, isto é, flutuava aleatoriamente. Atualmente, o saque passou a ser predominantemente violento (dado com pulo e gesto de cortada). Saques que tenham “swing” e confundam os defensores são cada vez menos relevantes, inclusive porque a sua defesa de toque é agora permitida e o toque não precisa ser perfeito como na regra antiga, o que facilita a recepção. Dizem que a tal jabulani tem algo que a fará o terror dos goleiros na COPA. Mas primeiro os atacantes precisam (re)aprender a chutá-la do modo certeiro e mortífero de sempre... E isso tem seus mistérios...<br />
3. MOBRALTECA – Ana Maria Watson, a Anateca do MOBRAL, notabilizou-se porque materializou o Projeto MOBRALTECA. Agora, enviou-me uma entrevista feita por Mariana Cruz (o texto a seguir, entre aspas, é totalmente dela) com José Trabulsi, que foi Animador do projeto no Nordeste. “Um caminhão que circulava por diversas cidades projetando filmes, emprestando livros, espalhando arte por onde passava. Assim eram as Mobraltecas: unidades móveis criadas na década de 1970 com o objetivo de difundir cultura pelos quatro cantos de nosso país. Apesar das MOBRALTECAS não existirem mais, iniciativas como esta são sempre boas de serem lembradas. Nesta entrevista, um dos coordenadores deste ousado projeto, José Trabulsi, nos fala um pouco de sua experiência.<br />
Qual a finalidade da Mobralteca?<br />
José Trabulsi: A finalidade era a valorização da cultura local e a descoberta de valores pelas comunidades por onde passava. Era dinamizado o programa cultural com vários subprogramas como: literatura, artes plásticas, artesanato, televisão, cinema, música, patrimônio histórico e reservas naturais, folclore etc.<br />
P.E.P.: Em que época foram criadas as Mobraltecas?<br />
J.T.: Em 1974 foi lançada no Rio de Janeiro pelo Cecult (Centro Cultural do Mobral) a primeira Mobralteca, chamada de Santos Dumont, visando a descoberta de valores e a valorização da cultura local. Tinha ainda a finalidade de sustentar o aluno na sala de aula. Como a primeira Mobralteca foi de grande êxito, foram fabricadas mais 5 (cinco) unidades, onde duas foram patrocinadas pela caderneta de poupança DELFIN e uma pela caderneta de poupança PARANÁ. O restante eu não sei.<br />
P.E.P.: O senhor poderia descrever como era fisicamente uma Mobralteca?<br />
J.T.: Era um caminhão qualquer terreno com palco, serviços de som, projetores de filmes em 16mm e slides, circuito fechado de televisão, videocassete, pinacoteca, mais ou menos 3000 livros para serem emprestados às comunidades, baú da criatividade com todas ferramentas para trabalhos de artesanato em couro, madeira, tapeçaria, artes plásticas, crochê, instrumentos musicais e outros. Tudo isso alojado nos seus respectivos lugares, para um bom desempenho da equipe de trabalho. Tinha ainda, no interior do caminhão, 3 camas, 3 guarda-roupas, banheiro, geladeira, sistema elétrico trifásico.<br />
P.E.P.: Que mudanças o senhor percebia após a passagem da Mobralteca pelas cidades?<br />
J.T.: Muitas pessoas nas cidades por onde passávamos viviam no anonimato (músicos, artesãos, pintores, cantores, repentistas, poetas, dançarinos etc.) e com a apresentação deles na Mobralteca ficavam conhecidos e passavam a se apresentarem nas suas e outras comunidades, comercializando seus produtos, ou melhor, vivendo de sua profissão revelada.<br />
P.E.P.: Como era o funcionamento da Mobralteca?<br />
J.T.: Era montado um roteiro de 45 a 50 dias para a realização dos trabalhos a serem realizados de acordo com os objetivos especificados pela Coordenação do Estado em que a unidade se encontrava. Após a realização dos trabalhos, a equipe da Mobralteca tinha 10 dias de folga e 5 dias para estudo do novo roteiro a ser realizado.Cada roteiro tinha 3 momentos : 1- preparação feita por uma equipe da coordenação e, às vezes, juntamente com a equipe da Mobralteca (sempre a mesma equipe fazia a mobilização dos trabalhos nas localidades a serem trabalhadas); 2- execução dos trabalhos feitos pela equipe da Mobralteca com avaliações diárias; 3 - avaliação geral com a Coordenação envolvida e com a Coordenação-pólo (responsável pelo veículo), esta no final do roteiro.<br />
P.E.P.: Em que regiões do país atuaram as Mobraltecas?<br />
J.T.: As Mobraltecas atuaram na maioria dos municípios brasileiros e em alguns povoados, sendo divididos em seis REMOBs (Região Mobralteca): Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Maranhão. No meu caso, a minha região era Maranhão, Piauí, Ceará, Pará e Goiás Norte.<br />
P.E.P.: Por que as Mobraltecas deixaram de existir?<br />
J.T.: Assim que o presidente Collor assumiu o governo, para dar uma de bonzão, mandou colocar todos os veículos das fundações em leilão público e neste embalo as Mobraltecas também entraram. Eu fui ver o leilão. Com um pouco de dinheiro, tentei arrematar a Mobralteca. Mas que nada, não cheguei nem perto. Um político cobriu todos o lances e para o meu constrangimento e frustração saí de lá chorando em ver um projeto tão importante naquele momento ser enterrado para sempre. Vendo aquilo que eu cuidei com tanto zelo, também onde morei por alguns anos.”<br />
Parabéns, Mariana Cruz. Escolheu o entrevistado certo. Um herói anônimo do Brasil interiorano. Nosso Trabulsi é um mobralense típico e suas recordações maravilhosas superam qualquer dificuldade e frustração.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-48668262932837046292010-05-30T11:48:00.000-07:002010-05-30T11:48:24.200-07:00O DIA EM QUE O MOBRAL CHEGOU À LUA1.FUTEBOL E VISÕES NAS AREIAS DE IPANEMA – Joguei futebol até os 17/18 anos de idade. Depois não deu mais. Paulo Azeredo, meu técnico de voleibol no Fluminense, reclamava da minha dupla dedicação esportiva. Os jogos do Campeonato Carioca de Juvenis, que eu disputava, eram aos domingos pela manhã. Afora os Campeonatos Colegiais pelo Mello e Souza, nessa época eu praticamente só jogava futebol na praia, em Ipanema, pelo Clube Lagoa, do Posto Nove, mas as partidas eram sábado à tarde. Acontecia eventualmente de eu chegar ao jogo de voleibol machucado ou cansado, porque atuara como centro-avante no dia anterior e os beques me marcavam muito duramente. Vai daí... Deixei o Lagoa com muita pena. Tinha grandes amigos no time, que era uma potência. Na linha jogavam, Huguinho Ibeas, Eduardo do Chaika, Serginho, Rogério, Lulu Adnet; na defesa, os irmãos Manhães – Alex, Carlinhos e Nandinho – mais o Raul (esse mesmo, o das pizzas !), Maneta, Rubinho e Sérgio Bilula. O dono do time era o Théo Sodré. O Lagoa era um contrassenso: a camisa era do Flamengo e o Théo botafoguense histórico, sobrinho do Mimi Sodré, fundador do alvinegro. E apesar do nome, o Lagoa só jogava na praia e nunca atuou na Rodrigo de Freitas, lagoa onde também havia areia e dois campos de futebol em frente à Montenegro. Nossos adversários na Liga de Ipanema/Leblon eram o Grêmio Leblon, Tatuis, Torino, Vidigal, Porangaba, Monte Castelo. Um momento memorável, para nós, garotos do Lagoa, foi o sábado em que os jogadores húngaros da famosa Seleção de 1954, em turnê pelo mundo como asilados, fugindo do “paraíso” comunista, foram ver nosso time em ação e alguns até jogaram uns poucos minutos conosco. Ficaram espantadíssimos com a nossa habilidade em dominar a bola na areia fofa e cheia de ondulações, conduzí-la, dar passes e chutá-la com precisão. O time magiar era repleto de craques, considerados os melhores do mundo na época: do goleiro Grosics ao ponta Czibor, incluindo Kocsis, Nándor Hidegkuti, Buzánszky, Bózsik e Budai, comandados pelo capitão da equipe, Ferenc Puskás e pelo técnico Gusztáv Sebes, todos davam show de bola. O poderio ofensivo dos húngaros era incrível; tomamos um 4 x 1 deles na Copa do Mundo na Suiça, embora nossa equipe fosse excelente. A imprensa apareceu no campo do Lagoa e tirou várias fotografias, estampadas nos jornais do dia seguinte. Foi a suprema glória da nossa turma ! Houve uma época em que o Lagoa teve sua sede social, em uma casa da Avenida Epitácio Pessoa (essa sim, na Lagoa !). Bailes e festas memoráveis, atividades culturais, conferências, sessões de cinema, peças teatrais etc etc. Espetaculares eram as sessões em que nosso amigo César dos Santos da Silva (do Chaika) mostrava suas incríveis habilidades paranormais. Aliás, César, mais tarde, e por muitos anos, foi convidado a percorrer vários países para exibir esse seu talento excepcional. Certa noite de apresentação no Lagoa, César chamou um dos nossos jovens associados e o hipnotizou profundamente. A seguir, deu-lhe inúmeras sugestões, testando sua reação. O auge aconteceu quando César disse ao paciente que ele estava na Praia de Ipanema, sentindo muito calor, e via, ao longe, uma silhueta de mulher que se aproximava. Nosso herói desabotoou a parte superior da camisa e mostrou que suava muito com o sol de Ipanema. A seguir, fixou os olhos no horizonte e avistou a miragem. César disse-lhe que ela estava pertinho e era linda... - Meu Deus,– sugeriu – é incrível ! É a Brigite Bardot... e acrescentou que ela sorria e vinha em sua direção. Estava de biquini e parecia que ia tirá-lo !!! Nessas alturas, sob o protesto da rapaziada e a aprovação das senhoras e moças presentes, César interrompeu a sessão porque o olhar lascivo do entusiasmado hipnotizado já superara os limites da malícia e chegara ao terreno da indecência. Nunca vi uma expressão facial tão sugestiva, mesmo nos grandes atores de cinema e teatro. Impressionante, memorável e inesquecível ! Muitas saudades do Lagoa e sua gente...<br />
2. GERAÇÃO DE EMPREGOS PARA ESTRANGEIROS – Segundo dados da Coordenação-Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, no período de 2005 a 2009 foram concedidas 165.933 autorizações de trabalho no Brasil para estrangeiros, das quais 11.978 autorizações permanentes e 154.015 temporárias. À exceção de 2009, este número vem crescendo anualmente. Os trabalhadores estrangeiros são principalmente dos Estados Unidos (14,2% do total de autorizações) , seguidos pelas Filipinas (com 8,9%), Reino Unido (8,4%), Índia (4,4%) e França (4,3%). Do total geral, 90% das autorizações (149.281) referiam-se a profissionais com grau de escolaridade superior ou segundo grau completo. Efeitos visíveis da Globalização a que já aludimos anteriormente. E da descoberta, pelo mundo, das potencialidades e oportunidades da economia brasileira. Eu sugeriria que entre esses trabalhadores, vindos do exterior, estivessem calceteiros portugueses, importados pela Prefeitura do Rio de Janeiro para recuperar nossas calçadas de pedra portuguesa que estão sendo destruídas velozmente pelo desconhecimento dos nativos a seu respeito. Pedras portuguesas autênticas são fixadas pela perícia dos artífices que as colocam, umas contra as outras, usando apenas terra, de modo a preservar a permeabilidade às águas pluviais e evitar alagamentos e enchentes. Da mesma forma, não apresentam desníveis, cuja existência acarreta seu deslocamento pelos transeuntes, criando os indesejáveis buracos. Usar cimento para fixá-las e “varrer” calçadas com aqueles jatos diabólicos de água sob pressão vão acabar com as belas calçadas decoradas de nossa Cidade ex-Maravilhosa.<br />
3. ALTO PARAÍSO DE GOIÁS - Em 1973 o MOBRAL assinou seu Convênio de Alfabetização com Alto Paraíso de Goiás, o único Município brasileiro que ainda não o tinha feito anteriormente. E assim o MOBRAL “fechou” o Brasil. Mário Henrique Simonsen foi até o Presidente Médici para comemorar o feito inigualado, até então, por qualquer outro órgão público. Nem os Correios, o Exército ou o IBGE estavam em todos os Municípios... Alto Paraíso de Goiás era um centro de garimpo e praticamente só tinha população flutuante. Nesse primeiro convênio atendemos a grupos bastante marginalizados: prostitutas, mineradores por conta própria, ambulantes, sem terra etc etc É lá, em Alto Paraíso, que coincidentemente fica o exótico VALE DA LUA, considerado um dos dez lugares mais estranhos da Terra. Suas formações rochosas de quartzo e outros cristais, situadas a 38 quilômetros da sede do Município, estão entre as mais antigas e também mais diferentes do planeta, formando piscinas naturais de beleza exótica. Dizem que parece solo lunar. Daí o nome. É.. mas havia brasileiros necessitados e o MOBRAL chegou lá após apenas 3 anos de atuação ! Mais uma meta alcançada e uma espetacular vitória a relembrar...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-36271291791321259672010-05-25T12:28:00.000-07:002010-05-25T12:28:45.266-07:00VOLEIBOL DOS TEMPOS DO CACHORRO AMARRADO COM LINGUIÇA1.JOGOS DE INVERNO DE SANTOS – Fui jogador de voleibol nos tempos do amadorismo. Ganhava-se pouco – ou melhor, nada - mas era divertido. Uma das boas coisas do esporte oficial eram as excursões. O Fluminense, onde joguei toda vida (de 1953 a 1973), sempre foi muito convidado - pela importância do clube e pelo padrão técnico de nossa equipe. Na década dos 50 tive a sorte de entrar no timaço formado por Átila, Gil, Parker, Garcia, Mário, Ronaldo, Naga, Paulo Careca, Jonjoca, Jair Osmonde, Marquinhos, Xinxa etc. O técnico era Paulo Azeredo, dotado da paciência necessária para administrar aquela plêiade de astros temperamentais e cheios de vontades. Eu vinha do juvenil tricolor, onde ingressei em 1953, levado da praia pelo técnico Corrente (Hélio Cerqueira). Subindo para a Primeira Divisão, ainda bem jovem pude participar na conquista de títulos muito importantes pelo tricolor: fui tri-campeão do Rio de Janeiro (1956, 57 e 58) e Campeão dos Campeões Sul-Americanos, invicto, no Torneio de Buenos Aires, em 1957, contra as melhores equipes da Argentina, Uruguai, Paraguai. As excursões do tricolor para jogar fora do Rio eram maravilhosas, até porque nossa turma, só de estudantes e profissionais universitários, era animada, criativa e fazia muito sucesso em todos os sentidos. As cidades mais visitadas eram São Paulo, Belo Horizonte, Cambuquira, Juiz de Fora... No exterior nosso time jogou em Buenos Aires e La Paz. Em todas, sempre uma festa ! E havia os fabulosos Jogos de Inverno de Santos, nas férias do meio do ano ! Para lá íamos sempre em ônibus privativo, viajávamos à noite, na véspera da estréia, por força do orçamento apertado. Saíamos do Terminal Rodoviário Mariano Procópio na Praça Mauá e uma vez, enquanto esperávamos o transporte, vimos que havia um verdadeiro escrete de cômicos muito populares, também em grupo, aguardando embarque para São Paulo: Costinha, Zé Trindade, Brandão Filho, Colé, Walter D`Ávila e Grande Otelo. Os mais famosos do Brasil, no cinema, rádio e na ainda incipiente televisão. Até parece que iam disputar um grande “campeonato do riso” na Paulicéia...Claro que os elegemos para uma “pegadinha”- para passar o tempo enquanto o ônibus não vinha. Combinamos e partimos para a ação. Par ou ímpar... e três foram escalados. De papel e caneta na mão, a intervalos, um a um nos aproximamos dos comediantes, pedimos seus autógrafos e eles, satisfeitos, iam assinando. Mas combinamos: sempre quando chegasse a vez do Colé falaríamos que não era preciso. Eu, por exemplo, disse: “não, só os mais famosos...” A cara de decepção do Colé era de morrer de rir !!! Vocês não imaginam. Logo ele, que estava no auge da badalação, fazia dupla com a bela vedete argentina Nélia Paula, no Teatro Follies da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, logo alí no Posto Seis, em frente à Galeria Alaska. A gozação dos outros artistas em cima dele foi impagável: o riso espalhafatoso do Grande Otelo, os gritinhos em falsete do Costinha e o bordão famoso do Zé Trindade: “o que é a Natureza...” O Colé sofreu. Desforra pelas inúmeras vezes em que ele, Colé, chamava um assistente de suas peças ao palco e “gozava” impiedosamente o infeliz, sob o delírio da platéia. Naquela noite ele pagou os pecados. No fim, quando eles iam embarcar, ficamos com pena, fomos até eles e dessa vez pedimos o autógrafo do desolado Colé, explicando que era coisa de atletas gozadores, para animar a noite. E acrescentamos que o Colé era nosso ídolo, não saíamos do Follies, bla bla, bla... Mas que foi uma comédia, lá isso foi... Em Santos tudo era bom. A Cidade era muito parecida com o Rio e estava no auge do prestígio: era o ponto de encontro dos paulistanos em férias. Os mais ricos frequentavam o Parque Balneário Hotel, um daqueles luxuosos cassinos arruinados pela proibição dos jogos de azar em 1946, pelo Presidente Dutra, sob a inspiração de Dona Santinha, sua esposa, catequizada pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. Moralismo que desempregou 53.200 pessoas de imediato ! Era no Parque Balneário que nós, atletas tricolores, sempre convidados de honra, também montávamos nosso quartel-general fora das quadras. Bailes com boa música, as famílias quatrocentonas na última moda e nós com nossos impecáveis ternos sob medida – a turma era elegante e o Rio, na época, ditava o que era “in” ou “out”. Para nós, cariocas, o que mais impressionava naquelas festas é que se tratava de um baile de sobrenomes: as pessoas, ao se apresentarem, diziam o nome de família e só depois o prenome – que era o que nos interessava, em princípio. Em certos momentos, havia um cheiro de Carnaval fora de época no salão – era o lança-perfume levado do Rio para ser jogado nos decotes das paulistanas em flor – que se arrepiavam de frio mas acabavam adorando a brincadeira. Os jardins do Hotel também eram muito bem cuidados e iluminados e para lá a festa se prolongava quando os pares descansavam, pois se ouvia ao longe o bolero ou o blue da orquestra afinada. Bem...e havia o voleibol, é claro, com nosso time brilhando. Ficávamos sempre à beira-mar, na Praia do José Menino. Às vezes em Hotel, outras vezes em Colégios como o Escolástica Rosa - que mantinham internatos e estavam em férias. Qualquer que fosse o lugar, tudo se ajeitava – jogo de cintura não nos faltava. Eram outros tempos, o esporte da rede de alto nível de competição era elitista e não estava ao alcance de todas as classes sociais. No ano em que nos alojaram no Escolástica Rosa, com os 12 atletas em um grande dormitório com 6 camas-beliche bastante incômodas, às vésperas da Final do Torneio fomos, por conta própria, para uma pensão onde poderíamos descansar melhor. Outro ano, em que a comida dos jogadores era péssima e o Chefe da Delegação era Fábio Egipto, sutilmente o convidamos, juntamente com sua esposa Dona Electra, para jantar no melhor restaurante da cidade – no Hotel Atlântico. Em meio aos camarões, tournedos e morangos com creme – tudo pago por nós... – fizemos com que o dirigente entendesse nosso protesto mudo. As brincadeiras eram muitas e às vezes exageradas. Marquinhos, nosso levantador, tinha sono pesadíssimo. Nada o acordava. No fim de certa madrugada, sua cama foi conduzida para a beira dos trilhos da linha de bondes da Praia de José Menino e seus companheiros fizeram plantão até a chegada do primeiro bonde do dia, às 5 da manhã. O motorneiro, ao ver aquela cama envolta em quilômetros de papel higiênico, acionou o alarme do bonde e conseguiu acordar o Marquinhos, que ficou atônito. Só despertou de fato quando seus companheiros o abraçaram e levaram a cama de volta para o Hotel entre risadas mil. Eram assim aqueles tempos irresponsáveis mas inocentes. 2. RECICLAGEM É UMA ÓTIMA ! Pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, calcula que o potencial máximo de reciclagem no Brasil, se atingido, geraria renda de R$ 8 bilhões ao ano. Hoje, a economia obtida com a atividade está na faixa de R$ 1,3 a 3 bilhões anualmente. Atualmente, apenas 14% da população brasileira conta com o serviço de coleta seletiva e somente 3% dos resíduos sólidos gerados nas cidades são coletados nos municípios. Seria ótimo elevar essa performance porque a reciclagem tem permitido o resgate social de grupos excluídos, além de contribuir decisivamente com as políticas de conservação do meio ambiente. 3.GERAÇÃO DE EMPREGOS – Em abril, 305.068 empregos formais foram criados em nosso País, acumulando um total de 962.327 postos de trabalho gerados neste ano. Isso confirma as previsões de chegarmos ao fim de 2010 com saldo positivo superior a 1,7 milhão de carteiras assinadas – que é a quantidade mínima requerida para dar emprego à totalidade da nova geração de jovens que chega todo ano ao mercado de trabalho. 4.SUIPA E OUTROS BICHOS – Não conheço os envolvidos, mas sinto que o problema que acomete a SUIPA no Rio de Janeiro é a falta de recursos para dar, aos animais abandonados, o tratamento adequado. Os bichos chegam à instituição aos milhares e em estado deplorável. Apesar dos poucos recursos, a SUIPA recebe-os todos e ministra-lhes o tratamento que lhe é possível – e não o ideal. Há setores da vida nacional que tratam de gente, com a mesma falta de meios, prestam serviços deficientes e talvez não choquem tanto a opinião pública. Vamos punir todos (humanos ???) que abandonam seus animais indefesos, sem dó, piedade e responsabilidade. Um chip nos bichos seria uma boa forma de ajudar a SUIPA a cumprir sua missão humanitária.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-89501872945817317422010-05-16T14:50:00.001-07:002010-05-16T15:54:20.177-07:00FUTURO DO EMPREGO ESTÁ NOS VELHOS1.AS TENDÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO – para quem ainda está na ativa ou pretende ajudar os mais jovens a buscar seus caminhos profissionais, selecionei algumas reflexões sobre o futuro do mercado de trabalho. Não há muitas novidades e estas idéias já fazem parte de um certo consenso a respeito do cenário do mundo econômico que vem por aí... Ao longo dos tempos, as sociedades foram sofrendo mudanças nos setores produtivos que estão se acelerando. Do mundo eminentemente agropastoril que perdurou por milênios passamos às sociedades industriais que duraram uns poucos séculos. Destas, evoluímos para o estágio pós-industrial, no qual:<br />
• predomina o Setor de Serviços, que cresce cada vez mais (sobre a Indústria, segunda empregadora e a Agricultura, cuja mão de obra decresce rapidamente); <br />
• as tecnologias dominantes na sociedade são intensivas em Conhecimento, <br />
• os serviços de tecnologias de informação e comunicação (TIC) são cada vez mais consumidos;<br />
• os processos de produção repousam primordialmente na interação homem/homem;<br />
• o principal fator de riqueza é a inovação, a produtividade intelectual.<br />
<br />
Vivemos a era da Globalização, acelerada pelo desenvolvimento crescente das TIC e dos transportes. Assim:<br />
• há cada vez maior permeabilidade entre os mercados dos diversos países, de modo que a competição não respeita limites territoriais;<br />
• as sociedades agropastoris remanescentes (da África, por exemplo) são colocadas em confronto com as sociedades industriais (emergentes do Terceiro Mundo) e ambas com as sociedades pós-industriais (dos países ricos), todas competindo pelos mesmos mercados mundiais;<br />
• o deslocamento de fábricas e de centros de produção de serviços para países com melhores condições de competição torna-se corriqueiro, da mesma forma que as exportações e importações crescem rápido. É cada vez mais comum trabalhar em um país e morar em outro;<br />
• As tecnologias fluem mais livremente entre as nações, ocasionando certa uniformização dos processos produtivos, só descontinuada quando ocorrem inovações que levam a um salto e novo estágio qualitativo; <br />
• Para profissionais de ponta o mercado passa a ser planetário; <br />
• O estabelecimento da Sociedade do Conhecimento (pós-industrial) é compatível com a Era da Globalização;<br />
• A Globalização exige pesado investimento na ciência, na criação de tecnologias e seu desenvolvimento, no estímulo à criatividade e na promoção da educação, esta entendida, necessariamente, como educação continuada e universal – para todos, durante toda vida.<br />
Os efeitos da Globalização sobre o mercado de trabalho são os mesmos decorrentes da aceleração do progresso derivada da evolução científico-tecnológica:<br />
• postos de trabalho são destruídos em massa, principalmente nos setores industriais; <br />
• Já na década dos 90, com a abertura da economia brasileira, a perda de postos de trabalho assumiu proporções dramáticas, pois a ocupação chegou a cair em 1,6 milhão de 1995 para 1996 !; <br />
• A globalização, ao expor os setores produtivos à competição internacional, favorece as tecnologias poupadoras de mão-de-obra, que permitem redução de custos e maior competitividade;<br />
• exige-se cada vez maior escolaridade e qualificação profissional dos trabalhadores para o exercício da mesma ocupação;<br />
• proliferam novas profissões, principalmente nos setores econômicos mais dinâmicos;<br />
• desaparecem ou tornam-se obsoletas muitas ocupações antigas e tradicionais. <br />
Em termos de profissões, as mudanças podem ser depreendidas das alterações sofridas pela Classificação Brasileira de Ocupações – CBO que, em 1994, contava com 2.356 ocupações. Com os acréscimos derivados da evolução do mercado de trabalho, o número de ocupações registradas chega agora a 2.511. <br />
Alguns exemplos bem conhecidos, na cadeia produtiva da manutenção de automóveis, são ilustrativos das descontinuidades do mundo do trabalho atual:<br />
• Quando surgiu a nova geração de carros com informática embarcada, começou a derrocada das pequenas oficinas de conserto de automóveis e com ela a perda de muitos milhares de empregos, especialmente para jovens aprendizes das classes mais pobres que ali buscavam sua primeira ocupação e o início de uma carreira ou de um empreendimento;<br />
• Esse vácuo está sendo parcialmente preenchido (em muito menor escala) pelas borracharias e pelas atividades de reciclagem (que tem futuro em todo mundo, principalmente nos grandes centros urbanos, desde que a pesquisemos e saibamos incentivá-la e apoiá-la);<br />
• Um exemplo dramático: o pneu que não fura já foi desenvolvido e seu protótipo está sendo testado e aperfeiçoado para ter preço competitivo. Um salto tecnológico desse tipo aniquilará muitos milhões de empregos em todo o mundo (no caso, nas borracharias);<br />
• A robótica, a nanotecnologia e muitos outros ramos similares estão aí presentes, para lembrar-nos cotidianamente do espectro do desemprego em massa.<br />
As novas tecnologias, poupadoras de tempo e mão-de-obra, elevaram o desemprego a níveis que parecem irreversíveis - de tão duradouros - e expulsaram para o mercado informal uma série enorme de ocupações que não têm viabilidade econômica no setor formal, sujeito à regulação e à tributação.<br />
Uma das tarefas mais importantes dos formuladores de políticas públicas de trabalho é a busca de alternativas para levar a uma sociedade sem desemprego, com informalidade em proporções normais (necessária em função da liberdade econômica, da criatividade do empreendedor e da inviabilidade econômica das empresas muito pequenas).<br />
Caminhos Alternativos para um Mundo sem Desemprego seriam:<br />
• Trabalho social voluntário incentivado (renúncia fiscal, precedências, prêmios etc);<br />
• Trabalho social semi-voluntário de baixa remuneração;<br />
• Trabalho em meio expediente;<br />
• Trabalho Sazonal Regular;<br />
• Trabalho na própria moradia ou em Centros próximos à moradia para idosos e pessoas com necessidades especiais (Teletrabalho);<br />
• Políticas Compensatórias e Contraprestação Social (das “bolsas” doadas pelo Governo);<br />
• Mobilização de desocupados em emergências, catástrofes naturais; grandes acidentes; epidemias, incêndios florestais;<br />
• Trabalhos Sociais Permanentes: vigilância ambiental (proteção à flora e à fauna; combate à poluição etc); assistência aos desvalidos em geral; tarefas de segurança comunitária; atividades de prevenção em geral.<br />
<br />
2.GRAY POWER – Nessa sociedade do porvir – é bom lembrar – predominará uma população de idade média sensivelmente mais alta do que a de hoje. Assim, uma boa idéia de quem teme as rápidas mudanças do mercado de trabalho é escolher carreiras cujas atividades tenham relação com as necessidades dos idosos. Aliás, os próprios velhos, com mais saúde, continuarão por mais tempo na força de trabalho. Inclusive porque faltará mão-de-obra: os jovens, sozinhos, não darão conta da oferta de empregos e das oportunidades de trabalho em geral. Outra mudança importante será a crescente força política da turma da terceira idade – o “gray power” vem aí, com força total...O envelhecimento populacional torna indispensável que se conheça melhor o idoso o que resultará na quebra de muitos mitos. Mas temos onde aprender: com as nações cuja pirâmide populacional já mudou há muitos anos, como o Japão e os países escandinavos. Um exemplo muito interessante vem da pesquisa de Bo G Eriksson, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que estudou um grupo de indivíduos selecionados aleatoriamente, nascidos em 1901 e 1902, que foram acompanhados de perto durante suas vidas inteiras. Eriksson focou o período dos 70 aos 90 anos de idade dessas pessoas. E descobriu que as pessoas se tornam cada vez mais diferentes à medida que envelhecem, ao contrário do senso comum. "A percepção das pessoas idosas como tendo interesses, valores e estilos de vida semelhantes pode levar à discriminação baseada na idade. No entanto, descobri que, conforme as pessoas envelhecem, esses estereótipos se tornam cada vez mais falsos," diz Eriksson.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-7483518148354779202010-05-01T03:59:00.000-07:002010-05-01T03:59:27.252-07:00FUTEBOL, VINHO, CUIDADOR - QUANTO MAIS VELHOS...1. FUTEBOL DOS TEMPOS DE DON DON NO ANDARAHY – Vocês teriam coragem de sentar na cadeira de um dentista que se chamasse MARRETA ? Só louco, não é ? Pois o meu dentista é o Marreta, vulgo Ronald Alzuguir, meu amigão, colega de turma desde o 2º. Ano Primário até o 3º. Ano Científico. Primeiro aluno brilhante e orador de sua turma na Faculdade Nacional de Odontologia da UFRJ. Caráter íntegro, ser humano de primeira categoria. Graças a seus passes magistrais fui Campeão de Futebol e artilheiro (com 8 gols) dos Jogos Colegiais do Rio de Janeiro pelo Mello e Souza. Ronald foi craque profissional de futebol do Botafogo, do Guarani e do Flamengo, além de ”bilula” do Seu Nenem, no Americano, time famoso do futebol de areia em Copacabana. O apelido Marreta era por causa da sua virilidade natural como bom half back direito... É, naquele tempo a nomenclatura ainda era inglesa: eu, por exemplo, era center forward. Pois bem: só agora descobri que Ronald tem um blog no qual conta as histórias deliciosas que viveu com Garrincha, Newton Santos, Manga, Zezé Moreira etc de um futebol ainda romântico, que já não existe mais. Amantes do futebol, visitem http://marretapopular.blogspot.com que vocês vão gostar ! E foi vendo o blog do Ronald que me lembrei do primeiro jogo de futebol profissional a que assisti. Infelizmente, só recordo que estava com meu primo Amilcar em uma arquibancada de cimento e o jogo corria lá embaixo. Como Amilcar era vascaíno, o jogo só podia ser do cruzmaltino... Mas é só. Porém do segundo jogo a que assisti, desse eu me lembro muito bem: Flamengo x Vasco, 1944, campo da Gávea, decisão do tricampeonato para os rubro-negros. Na época eu era flamenguista. Meu pai torcia pelo Flamengo...Quem me levava aos jogos era um amigo dele, Dr. Borges, da sua roda diária de pôquer – todas as noites, religiosamente, tinha jogo na minha casa. Dr. Borges, sempre de charuto na boca, me pegava pela mão e lá íamos pela Visconde de Pirajá, onde morávamos, até o Jardim de Alah. Passado o canal, chegávamos ao ponto do vendedor de laranjas, com aquela maquininha de manivela e roda dentada que ia tirando a casca da fruta em tiras fininhas, certinhas. E que tinha um canivete muito afiado, com o qual cortava a parte superior do fruto já descascado e sempre muito doce, gostoso como não se vê mais...Chupando laranja, embicávamos para dentro da favela, a famosa Praia do Pinto, cortando caminho. Passávamos pelas balisas impecáveis do campo de terra do glorioso time da favela – o Águia Futebol Clube – e pouco depois chegávamos às roletas do Flamengo. Dr. Borges era sócio-proprietário e ficávamos na Tribuna de Honra. Ao lado, à direita, acima da Tribuna, as cabines de rádio e os locutores célebres da época: Ary Barroso, Gagliano Neto, Oduvaldo Cozzi. Meus olhos brilhavam de encantamento. Entraram em campo pelo Flamengo nesse dia: Jurandir, Newton e Quirino; Biguá, Bria e Jayme; Valido, Zizinho, Pirilo, Tião e Vevé. Naquele tempo os jogadores entravam com a bandeira do clube que minutos antes passeava pelo campo, levada por moças que iam angariando as moedas jogadas pelos torcedores para completar as eternas obras das gerais, lá do lado da Lagoa, no precário Estádio da Gávea. Antes ainda, entravam garotos-carregadores com grandes painéis de propaganda e davam a volta olímpica no campo anunciando Cafiaspirina, Urodonal, Leite de Rosas, Aspirina Bayer, Hidrolitol, Eucalol, Palmolive e coisas assim... Publicidade móvel, precursoras das placas atuais. O barulho era uma constante, com a Charanga do Jayme de Carvalho a todo pano. O técnico era Flávio Costa, conhecido como “o marido de Dona Florita Costa” – a qual mandava em tudo, até na escalação do time... Dizem ! Naquele dia, o maior jogador brasileiro de todos os tempos – na minha modesta opinião - o mestre Zizinho, deu um show de bola e nem o elegante center half do Vasco, um craque excepcional, o Príncipe Danilo Alvim, conseguiu pará-lo. Quase no final, apesar do Vasco ter um timaço, veio o gol de Valido, cabeçada da entrada da grande área, que o goleiro Barqueta não conseguiu pegar. Um delírio espantoso, Flamengo tricampeão, uma loucura total ! Dr. Borges pediu que eu corresse e pegasse a bandeira de córner do lado esquerdo das balisas onde o Barqueta levou o golaço do Valido. E assim foi feito...Eu tinha 7 anos e corria muito rápido. (O neto do Dr. Borges, Getúlio Brasil, que foi Vice-Presidente do Flamengo, me disse recentemente que essa bandeirinha, essa peça histórica de nosso futebol, deve estar com seu irmão mais velho, o Áldano). Na volta, mais Praia do Pinto, já em festa, com as “tendinhas” cheias de torcedores “enchendo a cara” de cachaça e cantando “Flamengo, Flamengo, tua glória é vencer...” Inesquecível ! Muito bom, como diz a canção: “Nossa vida era mais simples de viver. Não tinha tanto miserê, nem tinha tanto ti-ti-ti. No tempo que Don Don jogava no Andaraí...”<br />
2.CUIDADORES CUIDADOSOS – Preocupa-me muito o despreparo de nosso País para o envelhecimento acelerado de nossa população. Em blog anterior, observei que as Unidades de Polícia Pacificadora - UPPs do Rio de Janeiro são acompanhadas de várias melhorias sociais para as favelas arrancadas do poder dos traficantes, mas nunca reservam uma sala que seja para que os velhos da comunidade possam ali passar o dia, bem cuidados e protegidos, enquanto seus parentes mais jovens vão trabalhar. Uma lacuna grave, sanável a baixo custo, pois também assinalei que os próprios idosos se entreajudariam, de modo a minimizar despesas com profissionais. Agora, ao removerem favelados das áreas de risco para outras moradias, dignas e seguras - providência que, como as UPPs, todos fluminenses devem aplaudir com entusiasmo - as autoridades continuam omitindo esse componente de política social que considero essencial ao bem estar da população idosa e facilitadora da empregabilidade de seus filhos e netos. Em contrapartida, gostei muito de ler no NEW YORK TIMES que, nos Estados Unidos, em 2008, 28% dos 3,2 milhões das cuidadoras domésticas de idosos americanos tinham 55 ou mais anos de idade. Estima-se que em 2018 o número total desse tipo de trabalhador, nos lares e instituições dos Estados Unidos, chegará a 4,3 milhões. E que o contingente das cuidadoras com 55 anos e mais vai crescer 30%. Sua trajetória profissional é geralmente a mesma: zelaram por algum familiar idoso e após sua morte ingressaram no ramo. Têm grandes vantagens comparativas: conhecem o estresse familiar nessa situação, respeitam a idade, não olham a velhice como uma doença, trocam experiências com os idosos e há mútua empatia. Sua limitação, em geral, é física: não poderem tratar de doentes que precisam erguer seguidamente. No mais, são ótimas. Carinhosas. Cuidadosas. Esse fenômeno, verificado nos Estados Unidos, ainda tem outra vantagem importantíssima: cria empregos para idosos, possibilitando que o conceito de “envelhecimento ativo”, muito praticado também na Europa, seja viabilizado. No Brasil, por exemplo, a empregabilidade da turma da terceira idade é praticamente nula, qualquer que seja sua qualificação e não se veem políticas públicas realmente eficazes para minimizar essa exclusão laboral, com a qual o País perde muitos braços e cérebros ainda aptos a contribuir para o desenvolvimento nacional. Tema que espero não faltar quando da tão ansiada reforma da legislação trabalhista brasileira.<br />
3. UPPs RENTÁVEIS – Boa notícia para os cariocas. Os imóveis desvalorizados, por estarem situados nas áreas de metástase urbana, causada pela proximidade de favelas, estão recuperando quase imediatamente seus valores originais após serem resgatadas pela implantação das UPPs. O aumento da arrecadação futura, pelo Estado, do respectivo Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), vai pagar boa parte do projeto. O restante, o aumento do ICMS do comércio revitalizado nessas mesmas áreas acabará cobrindo a médio prazo. A Política Estadual de Segurança deu tiro certeiro na mosca, com bala de prata !<br />
4. EUROTURISMO EM CRISE – A crise bateu forte, principalmente, nos países europeus que dependem muito do turismo: Espanha, Grécia e Portugal. Caíram os fluxos turísticos provenientes dos Estados Unidos e de outras nações européias e a despesa média unitária dos viajantes e o impacto foi desastroso. O desemprego espanhol já supera 20% e em Portugal está em 10,5%. Essa taxa portuguesa é inédita, Portugal sendo historicamente um país de baixos níveis de desocupação. Tive um amigo português, humilde, trabalhador braçal, que ocasionalmente desempregado se queixou a mim, desesperado, dizendo: Doutor, estou perdido, porque a única coisa que sei fazer é trabalhar ! O esforço português se concentra nas exportações para os países africanos lusófonos, que estão crescendo aceleradamente Aliás, Portugal aposta muito no mercado da nova classe média brasileira para comprar seus maravilhosos vinhos, pois nosso País consome só 2 litros por habitante por ano e há larga margem para crescimento. Portanto, agora no inverno, vamos ajudar a indústria vinícola dos “patrícios”, minha gente !Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-18357325452764583442010-04-23T12:12:00.000-07:002010-04-24T14:17:48.630-07:00BRASÍLIA E VOLEIBOL EM FESTA DAS ESTRELAS1. CINQUENTA ANOS DE BRASÍLIA - A moreníssima Vera Lúcia Ferreira Maia jogava voleibol no Fluminense, frequentava o Arpoador e era filha da famosa Nora Ney, uma das mais importantes cantoras de nossa música romântica. Verinha disputou Miss Guanabara pelo Fluminense e venceu. No Concurso de Miss Brasil, tirou o terceiro lugar. Nada mau, pois a primeira colocada foi a lindíssima gaúcha Ieda Maria Vargas, que depois ganhou o Concurso de Miss Universo. Vera, aliás, também representou nosso País no Concurso de Miss Mundo, do qual foi semifinalista. Lembro-me disso, a propósito dos 50 anos de Brasília, aonde o timaço de voleibol do Fluminense foi jogar na inauguração do Ginásio de Esportes do Iate Clube, no início dos anos 60. Ficamos hospedados no Brasília Palace Hotel, perto do Palácio Presidencial e conhecemos a Capital ainda com os barracos do Núcleo Bandeirante e muitas obras inacabadas. Tudo era feito com muita pressa e às vezes a qualidade deixava a desejar. O belo Ginásio que inauguramos, com uma vitória estrondosa, nos impressionou muito por ser sua quadra enterrada, bem abaixo do nível do solo. Coisas da arquitetura inovadora de Brasília. Na Capital, participamos de diversos eventos esportivos e culturais. Lembro de uma palestra do Professor Hermógenes e suas duas filhas, também professoras de Hatha Ioga, atividade da qual foram pioneiros no Brasil, com sua Academia localizada na sobreloja envidraçada de um prédio na Rua Visconde de Pirajá, próximo à esquina com a Rua Gomes Carneiro. Em outra das noites, convidados exatamente pela Miss Fluminense e Miss Guanabara, nossa amiga Vera Lúcia, fomos a uma festa no Clube do Congresso, onde o Presidente da República, João Goulart, recepcionou as três primeiras colocadas do Concurso de Miss Brasil que, naquela época, era um evento prestigiadíssimo. Uma festa magnífica, só que, ao seu término, de madrugada, não havia táxi, ònibus ou qualquer transporte que nos levasse de volta ao Hotel. E assim, como bons atletas, andamos infindáveis quilômetros na madrugada da NOVACAP, ainda sem infraestrutura. Inesquecível ! Poucos meses depois, fomos surpreendidos com a notícia de que o Ginásio que acabáramos de inaugurar virara piscina...de água barrenta. Defeitos de impermeabilização e rebaixamento do lençol haviam causado a invasão do Ginásio pelas águas subterrâneas. Típico dos tempos pioneiros de Brasília, marco inicial da “Marcha para o Oeste” e da inflação galopante que nos vitimaria por muitos anos. Em compensação, o Brasil pode orgulhar-se de ter o mais lindo e monumental conjunto arquitetônico moderno do mundo. Viva Brasília ! Mas não nos esqueçamos, jamais, que dia 21 de abril é o Dia do Alferes Tiradentes e que 22 de abril o Dia do Descobrimento do Brasil. Omissão imperdoável !<br />
2. VOLEIBOL DE ESTRELAS - É impossível deixar de falar na Superliga de Voleibol Feminino, vencida pelo OSASCO com grandes méritos, especialmente considerando o valor das equipes suas adversárias, em especial São Caetano (da Semifinal) e Rio de Janeiro (da Final). As últimas partidas, de elevado nível técnico, foram um desfile de estrelas de primeira grandeza, com jogadas emocionantes e que ressaltam a pujança do voleibol feminino brasileiro. Aliás, há algum tempo, as partidas femininas do esporte da rede se tornaram muito mais interessantes que as masculinas. Os pontos são mais disputados, a bola custa a cair, há mais jogo. No masculino praticamente só existe ataque, desde a violência do saque até as cortadas fulminantes, indefensáveis, o que torna o jogo monótono, sem sequências mais longas. Mas voltando às moças, além de termos algumas das melhores jogadoras adultas do mundo, o processo de renovação é impressionante, pela qualidade das atletas jovens. O paradigma desse rejuvenescimento permanente esteve representado – e muito bem – pela craque Natália do OSASCO que, de forma espetacular, alia força, disciplina tática e requinte técnico. Está de parabéns a CBV - Confederação Brasileira de Voleibol, sob a direção de Ary Graça, cujo bom trabalho de renovação e manutenção preserva nossa hegemonia mundial !<br />
3.FMI AVALIA A ECONOMIA GLOBAL E BRASILEIRA – Saiu a avaliação econômica de abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O relatório estima o PIB do Brasil crescendo 5,5% em 2010, acima da média mundial, que ficaria em 4,25%. Mas alerta para o perigo da inflação em nosso País, que na minha opinião deveria aumentar seus juros imediatamente. Outra complicação é o nosso deficit externo, que só não incomoda muito a curto prazo porque temos grandes reservas, acima de US$ 200 bilhões. Em termos gerais, a recuperação mundial excede as expectativas, mas os países ricos crescerão menos que as nações em desenvolvimento. O combate ao desemprego é visto como o grande desafio do futuro próximo e o FMI preconiza maiores investimentos em educação e qualificação profissional para ampliar a empregabilidade das populações trabalhadoras. Outro ponto que exige atenção é a regulamentação mínima necessária para impedir que os agentes financeiros repitam os crimes que cometeram e levaram à crise. Mesmo sendo um liberal, creio que devem existir regras acauteladoras. Agir só "a posteriori" nem sempre é suficiente...<br />
4. DIVERSIDADE ESPORTIVA – Voltando aos jornais franceses, dos quais eu gosto tanto e que me foram trazidos de Paris pela minha filha Cláudia, quero comentar o variado conteúdo do L`ÈQUIPE, que se intitula “Le Quotidien du Sport et de l`Automobile”. Admiro enormemente a diversidade esportiva dos países desenvolvidos, que contrasta com a mesmice brasileira, onde quase tudo é futebol...dentro e fora de campo. Últimamente, até que o voleibol, o basquete, a natação, o judô e o atletismo ganharam algum espaço, o que se deve ao trabalho eficiente do COB, dirigido por Carlos Arthur Nuzman que, sendo inteligente, pode entender bem como a diversidade esportiva amplia e democratiza as oportunidades dos jovens para se realizarem nessa importante atividade humana. Mas ainda é pouco e tenho esperança que as Olimpíadas do Rio funcionarão também nesse sentido, mostrando novos caminhos, modalidades ainda desconhecidas no Brasil e para as quais certamente temos material humano potencialmente apto. Confesso que minha vida seria menos feliz se eu não tivesse tido a chance de preencher essa dimensão de minha personalidade, através da qual eu me expressava, construía uma velhice sadia e com uma rotina atraente. Por acaso, achei um esporte ao qual me adaptei e no qual fiz carreira, mas muitos outros de minha geração devem ter perdido essa oportunidade pois o “seu esporte” simplesmente não estava disponível no Brasil. Nas 18 páginas do L`ÈQUIPE há 9 dedicadas ao futebol, 1 ao rugby, 1 ao basquete, 1 à publicidade, 1 ao golfe, sendo as 5 restantes divididas entre inúmeros esportes: voleibol, surf, halterofilismo, atletismo, curling, boxe, tênis, iatismo, hóquei no gelo, judô, ciclismo, pentatlo moderno, handebol, automobilismo, motociclismo, ski alpino. Retrato do rico mosaico esportivo francês. Uma delícia para um esportista curioso e eclético ! A posição de supremacia do futebol é quase permanente, mas a distribuição entre os demais esportes varia de acordo com suas temporadas e as estações do ano, mas há modalidades para todos os gostos... Essa espécie de desenvolvimento é que precisamos conquistar para o Brasil, gigante demográfico e étnico que pode ser uma grande potência esportiva. E a Educação tem um papel primordial a desempenhar nessa desejável evolução.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-40205563654008557092010-04-18T11:59:00.001-07:002010-04-18T11:59:27.379-07:00CIGANOS, EMPREGO E ALFABETIZAÇÃO1.CIGANOS PERSEGUIDOS – Voltando de breve viagem de trabalho a Amsterdam, minha filha Cláudia, na escala em Paris, conhecendo os gostos do pai, comprou logo a banca de jornais inteira: LE MONDE, LE FIGARO, LIBÉRATION e L´ÈQUIPE. Bem, L`HUMANITÉ ela sabe que não, embora eu esteja muito curioso em relação às conclusões que sairão de um Congresso da Juventude Comunista que está acontecendo em Gennevilliers, no qual o lema dos congressistas é “les jeunes communistes veulent s`ancrer dans le réel” (os jovens comunistas querem se ancorar na realidade). Creio que a realidade nua e crua aconselha-os a abandonar imediatamente o Partido (PCF) e seu projeto de poder... Mas esse seria outro assunto. O fato é que me imaginei numa bela manhã de primavera, sentado ao sol no Jardin du Luxembourg, perto daquela esquina do Boulevard Saint Michel com a Rue Soufflot, que acaba lá em frente ao Panthéon, e comecei a ler aqueles jornais inspiradores. O resultado com o LE MONDE foi de tristeza e merece um comentário. Em seu editorial, de 11/12 de abril de 2010, está a denúncia explícita da discriminação de que são alvo os ciganos na Europa e de suas degradantes condições de vida. O jornal considera que a população Rom, com um total de 12 milhões de pessoas, foi a que mais sofreu com a recente crise econômica. Cerca de 90% dos gitanos já abandonaram o nomadismo, mas seu acesso à habitação, educação, emprego e serviços de saúde não progrediu nos últimos 20 anos e a crise foi mais uma boa desculpa para não investir no seu atendimento. Depois de 2005, com a expansão da União Européia, que passou a abrigar 9 milhões de zíngaros entre seus cidadãos, o livre deslocamento dentro de seu território ocasionou seu afluxo ampliado em direção aos países mais a ocidente, que só agora se preparam para acolhê-los de modo adequado. Abordei anteriormente, neste blog, o caso brutal da jovem mãe cigana de Jundiaí, que teve seu bebê - que ela ainda amamentava ! - arrancado à força de seus braços e “confiscado” para um orfanato, por ordem judicial. Notei que nenhuma ONG se levantou em seu favor. Fui pesquisar no Google e constatei que mesmo no plano internacional poucos se interessam pela salvaguarda dos direitos desse povo. Mas surgiu uma esperança, quando soube que o financista George Soros, há 25 anos, financia projetos em favor dos Manouches, através do seu OPEN SOCIETY INSTITUTE e que o Governo Obama atribui prioridade à inclusão social dos Romanichels e pressionará a Europa a assegurar os direitos dessa etnia. Como a Romênia foi o país de origem da maioria de Tziganes que emigraram, nos últimos anos, para a França, os dois países estão fazendo um oportuno acordo para reprimir o tráfico de pessoas. Povo tão perseguido, sofrido, de cultura tão original e interessante, merece melhor sorte e o apoio universal. E que o espírito totalitário que aflorou em Jundiaí seja definitivamente banido de nosso território, onde normalmente se pratica a tolerância e a solidariedade.<br />
2. EMPREGO COM FORÇA TOTAL - Em março de 2010, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, foram criados 266.415 novos empregos no Brasil. No primeiro trimestre, o acumulado é de 657.259 novos postos de trabalho abertos. Em números absolutos, os saldos positivos dos setores de Serviços (106 mil), Indústria de Transformação (72 mil), Construção Civil (39 mil) e Comércio (29 mil) são alentadores. Mas não se deve esquecer que estamos, em parte, recuperando o terreno perdido em 2009: primeiro, ocupando uma grande capacidade ociosa gerada na crise; de outro lado, suprindo muitas demandas reprimidas de então. Esgotado esse acelerado processo compensatório, o crescimento do emprego já não será tão portentoso quanto o foi neste primeiro trimestre de 2010. Em março houve ainda o crescimento de 4,37%, no salário médio real de admissão, muito influenciado pelo aumento do salário mínimo acima da inflação. Aliás, a inflação aumentou e vem aí aumento de juros, que contribuirá para frear a euforia existente. Mas 2010 promete algo como 1,8 milhão de novos empregos e um crescimento de mais de 5% no Produto Interno Bruto (PIB). Excelente perspectiva...<br />
3. ÓCULOS DE LEITURA - Em matéria inserida na edição de 16 de abril de 2010, do JORNAL DO BRASIL, o Ministro da Educação Sergio Haddad anunciou que “por meio de uma parceria feita com o Ministério da Saúde, vão ser distribuídos óculos de grau.......para aqueles estudantes com alguma deficiência visual” que a partir de agora frequentem o BRASIL ALFABETIZADO, programa de alfabetização mantido pelo Governo Federal e que, segundo o Ministro, tem 1,9 milhão de adultos e jovens matriculados, dos quais 1,6 milhão frequentam efetivamente as salas de aula. Uma boa medida, a que pretende agora executar o Governo Federal. Dentre minhas recordações, existe uma relacionada a esse tema que me traumatizou... Visitava uma Prefeitura do interior e o Presidente da Comissão Municipal (COMUN) do MOBRAL, com grande espírito de iniciativa, foi-me mostrando suas inúmeras realizações. Realmente seu trabalho era muito abrangente e criativo. Em determinado momento disse-me, entusiasmado, que resolveu os problemas de visão dos nossos alunos de modo muito simples: fez uma campanha, pedindo aos demais munícipes que doassem seus óculos de grau usados que não mais lhes serviam. “Aí - disse-me ele entusiasmado - a turma do MOBRAL chegava na COMUN, ia provando os óculos, até que achasse um com o qual passavam a enxergar melhor e ganhavam de presente...” Provavelmente por essas e por outras é que se diz que de boas intenções o inferno está cheio.... O fato é que não tardei a tomar a decisão e, em 1978, o MOBRAL passou a doar óculos aos seus alunos, em uma iniciativa pioneira... A meta, que era distribuir 100.000 (cem mil) óculos, foi ultrapassada graças às economias conseguidas ao longo da execução do projeto. Lendo o Relatório do MOBRAL para o período 1974-1978, sabe-se que “em 1978 foi implantada a Campanha Ver... Ler... Viver, de doação de óculos, em 833 municípios, cobrindo todas as Unidades da Federação e atendendo a 107.000 alunos. Além desses, grande número de portadores de visão subnormal, cuja solução independe de uso de óculos, foi examinado e, de acordo com as possibilidades locais, encaminhado a tratamento médico. Os óculos são doados pelo MOBRAL e os exames oftalmológicos pagos pelo INAMPS e feitos por médicos mobilizados pelas Coordenações Estaduais e Territoriais e pelas Comissões Municipais.” Já lá se vão 32 anos...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-35817738839849515272010-04-12T13:10:00.000-07:002010-04-12T13:10:45.527-07:00RIO VACINADO REMOVE FAVELAS1. RIO DE JANEIRO: 2010 OU 1904 ? - Acabo de ler a excelente tese de doutorado da Professora Carla Mary da Silva Oliveira, intitulada “Saudades d’além mar: um estudo sobre a imigração portuguesa no Rio de Janeiro através da revista Lusitania (1929-1934)”. E não é que, com sua descrição do ambiente de nossa cidade àquela época, me dei conta de que vivemos, hoje, dias muito semelhantes aos do remoto início do século XX ? A tese enfatiza que “...a reurbanização da área central da cidade, com o bota-abaixo do prefeito Pereira Passos; as campanhas sanitaristas de Oswaldo Cruz, que levariam à Revolta da Vacina... Todos estes fatos históricos, cada um a seu modo, convulsionaram de forma marcante a cidade, deixando expostas suas mazelas sociais e a extrema desigualdade......”. Por incrível que pareça, um século depois, nosso Rio de Janeiro vive um momento similar e precisaria repetir a cruzada em favor da vacinação obrigatória, liderada por Oswaldo Cruz e a gestão urbanística corajosa de Pereira Passos ao estilo “bota-abaixo”, combatendo a “metástase urbana”, demolindo cortiços e barracos insalubres. Heróis do progresso, muito criticados pelos seus contemporâneos, a sabedoria de ambos foi consagrada pelo tempo. Hoje, um número pequeno de pessoas (20% do esperado) está tomando a vacina contra a gripe suína, havendo muitos recalcitrantes que duvidam dos seus benefícios e até acreditam em hipotéticos malefícios, com base em teorias de conspiração absurdas que andam circulando na internet. Por outro lado, já há um considerável número de críticos à sábia disposição do Prefeito Eduardo Paes para remover favelas em áreas de risco, a começar pelo Morro dos Prazeres e parte da Rocinha, onde acabam de morrer dezenas de pessoas. Com os avanços da ciência e da tecnologia e seus frutos visíveis para a Humanidade, duvidar de uma vacina que já foi aplicada em centenas de milhões de seres humanos é o cúmulo do obscurantismo. Da mesma forma, apoiar o refrão demagógico e populista, de que “favela não se remove, se urbaniza”, quando o Muro de Berlim já caiu há duas décadas e soterrou esse tipo de ideologia, é um desafio à inteligência da opinião pública. Vivamos no século XXI, minha gente ! 2.O CASARIO E AS GENTES DA VELHA IPANEMA - Dizem os historiadores que o Loteamento Villa Ipanema acabou de vender todos os terrenos em 1927, ano que se considera como o da consolidação do novo bairro. A primeira geração de casas de Ipanema foi erguida principalmente no final dos anos 20 e na década de 30. A Equitativa de Seguros Gerais, uma estatal, foi uma grande incorporadora dessa fase pioneira e construiu em 1939 os amplos prédios geminados da Rua Visconde de Pirajá 300 (futuro Colégio Bernadette) e 302, que foi nossa moradia até 1973. Algumas casas do bairro eram tradicionais, térreas, com porões; outras de dois andares, mistas, sendo a maioria assobradada, com loja no piso térreo e a moradia, geralmente dos donos do negócio, no andar de cima. Havia também muitas vilas e uns raros prédios mais altos. Os edifícios de que me lembro e existem até hoje são: o número 3 da Visconde de Pirajá, na esquina com Gomes Carneiro; aquele em que morou o Walter Clark, de três andares, na Visconde de Pirajá 114, e o Edifício Estrela, mais alto, com 5 andares, do lado par da mesma rua, próximo à Praça N.S. da Paz. A maior das vilas de Ipanema, embora um pouco modificada, também existe até hoje e fica na Barão da Torre 100. Lá moraram Domingos Vaz Afonso e sua mulher Lurdes, amigos de meus pais por dezenas de anos; Celso Martins, meu colega no Colégio Mello e Souza; Demétrio e José Lucas, meus companheiros no Fontainha. Os construtores, mestres de obras, eram em geral portugueses e dois deles, amigos de meu pai: Sr. Marques, que morava na Barão da Torre e Sr. Jucundino, que morava na Sadock de Sá. A maioria dos operários também vinha da “terrinha”. Os mais pobres moravam na Vila Carmo - encostada ao morro do Cantagalo, no canto da Rua Nascimento Silva. Era um conjunto de casas populares precárias, de madeira, com instalações sanitárias coletivas e ruas de terra. Viviam ali os carvoeiros, carregadores, lavadeiras, carroceiros, tropeiros (ainda havia equinos para trabalhos no bairro), tripeiros, leiteiros, criadores de aves (principalmente galináceos e pombos), porcos e vacas, limpadores de fossas, vendedores ambulantes, entregadores, jardineiros, trabalhadores das pedreiras e das contruções – enfim, o lúmpen-proletariado. Outros, ainda mais pobres já iniciavam, também, a ocupação do morro do Cantagalo com uns poucos barracos. Ipanema foi um bairro com muitos imigrantes em sua origem, o que explica seu caráter visceralmente cosmopolita e o fato de servir de interface pioneira com as inovações sociais e culturais que chegavam do exterior. Além da maioria de portugueses, havia também numerosos árabes (sírios e libaneses), judeus da Europa Central e Oriental, italianos, alemães, austríacos, japoneses e espanhóis. Ali viviam também uns poucos ingleses, que formavam uma classe à parte, da elite industrial colonizadora, composta pelos executivos e funcionários graduados da Light and Power, do Moinho Inglês (Rio de Janeiro Flour Mills and Granaries), da Telefônica etc. E, naturalmente, havia os brasileiros: da classe rica ou média ascendente e alguns funcionários públicos federais do alto escalão, todos à busca de sossego e de uma vida de praia, no bairro distante e despovoado. Os imigrantes das várias procedências conviviam intensamente entre si, em paz. Eram todos amigos, apesar da eclosão da II Guerra Mundial, inaugurando uma tradição de tolerância mútua que no Brasil geralmente teima em ignorar os conflitos internacionais. Naquela manhã da rendição nazista, em 8 de maio de 1945, o fim da II Guerra Mundial na Europa, Ipanema acordou às seis horas, com os rádios nas alturas, tocando a Marselhesa e todos indistintamente comemoraram. Para eles, não era a vitória deste ou daquele País, mas sobretudo a volta da tão esperada Paz, o despertar de um pesadelo, o fim dos racionamentos e do gasogênio, o poder arrancar e jogar fora aqueles panos negros horríveis com os quais, todas as noites, cobríamos nossas janelas que davam para o mar, para que o inimigo não visse nossas luzes, seus alvos jamais atingidos. Talvez os imigrantes se juntassem defensivamente, à época, por se sentirem discriminados. Os brasileiros ricos, em geral, “não se misturavam”- como eles próprios costumavam dizer- e isso era visível nas primeiras décadas do cotidiano de Ipanema. Havia exceções, mas em regra seus filhos – coitados ! - ficavam em casa, presos, enquanto nós, “os meninos da rua” – com quem eles não podiam conviver - aproveitávamos tudo que aquele paraiso nos oferecia: praia de jogar bola, nadar, “pegar jacaré” e puxar arrastão; chácaras de subir em árvore e pegar passarinho; terrenos baldios com cabanas, “guerras” de mamona e muitas aventuras; calçadas de andar de bicicleta, pular carniça ou amarelinha, jogar bola de gude ou pião; os passeios de bonde até o Parque da Cidade; a Lagoa Rodrigo de Freitas maravilhosa, com pedalinhos, areia e tudo, futebol e voleibol, muitos peixes e seus flamboyants. Aquela discreta separação, que era disfarçada pela cerimônia natural que, à época, as pessoas mantinham no trato diário, foi-se esmaecendo no Governo Getúlio Vargas e definitivamente desfeita pelos novos costumes de após-guerra. Na origem da mudança, a contribuição da Revolução de 1930, que implantara uma ditadura política em 1937 mas em contrapartida dera um empurrão positivo no proletariado urbano e estimulara a mobilidade social, a base de um País mais democrático socialmente. É claro que havia exceções desde sempre e muitos filhos das famílias mais ricas conviviam sem restrições e usufruíam Ipanema em sua integralidade. Era o caso, por exemplo, do Gil Carneiro de Mendonça, atleta, jogador de futebol e voleibol, futuro Presidente do Fluminense. Apesar dessa mentalidade separatista, Ipanema sempre foi o berço privilegiado dos movimentos em favor da liberdade, da distensão e da tolerância; onde a praia pública sempre funcionou como um espaço inevitavelmente democratizante, ao qual nenhuma discriminação conseguia resistir. Mesmo a maior soberba inclina-se à mesmice simplificadora do calção e do maiô. Embora fosse proibido andar sem camisa até se chegar à Vieira Souto – essa era uma postura municipal que resistiu aos anos 40 e parte dos 50 ! - uma vez na areia ou na água, éramos todos iguais. Havia algumas casas de alto padrão, de famílias muito ricas, que impressionavam a garotada de Ipanema. Uma era na Vieira Souto, da família do Marcio Moreira Alves, com um campo gramado de voleibol na frente. Outra, era a casa da família Adler de Aquino, na esquina da Montenegro com a praia, onde havia um enorme campo de futebol. Eram redutos intransponíveis para os garotos comuns e muito invejados pelos animados jogos lá realizados. Não sei se pelo fato de vivermos sob uma ditadura ou porque a entrada do Brasil na guerra exigia maior controle social, o certo é que tínhamos que pagar uma taxa anual para possuir um aparelho de rádio; éramos obrigados a licenciar nossas bicicletas e a matricular nossos cães na Prefeitura. Presumivelmente, o Governo saberia de toda nossa vida. E os fiscais, o “rapa” e a “carrocinha” eram implacáveis com os esquecidos. Mas no geral era uma época maravilhosa.<br />
3.O CALCULISTA - Próximo à passagem do cargo para seu antecessor, o então Prefeito Cesar Maia disse que “cálculos não eram o forte de Eduardo Paes”. Agora, Paes provou que não é bem assim e devolveu a gracinha com uma informação acachapante: fez as contas direitinho e informou que Cesar Maia, quando Prefeito, gastou no Morro dos Prazeres verbas de R$ 78.000,00 (setenta e oito mil reais) por barraco existente na favela àquela época, em obras cosméticas, que não resolveram o problema essencial da comunidade: a segurança de suas construções. O gasto foi no âmbito do projeto Favela Bairro, que acabou atraindo mais moradores para vários locais que talvez ainda venham a desabar. Com os 78 mil reais por barraco, dessas obras ornamentais de Cesar Maia, seria possível construir duas casas populares de bom padrão, em terreno totalmente urbanizado na periferia carioca. Mesmo não sendo tão bons nos cálculos que interessam à eficiência da gestão pública, os demagogos são calculistas refinados, porque seu objetivo único é o voto dos incautos e nisso eles acertam sempre...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-62486131782422471822010-04-07T08:09:00.000-07:002010-04-15T11:34:28.166-07:00INTERVENÇÃO ESTATAL NA PRAÇA DOS SONHOS1.PRAÇA GENERAL OSÓRIO – O centro nervoso de Ipanema gira em torno da Praça Nossa Senhora da Paz. Mas nem sempre foi assim. Talvez pela proximidade com Copacabana, o bairro mais importante da Zona Sul, a Praça General Osório (antiga Praça Floriano Peixoto) era o polo comercial de Ipanema nas primeiras décadas de sua ocupação,. Em volta dela e nas suas proximidades estavam as padarias (Brasil e das Famílias); o Velo Esportivo Helênico (clube de ciclismo); os colégios (Fontainha, Guanabara e mais tarde o Mello e Souza feminino e a escola pública José Linhares); os bares (Renânia e Ipanema); o armazém chique (Casa Osório); a tinturaria (Geisha, do Seu Oushida); a banca de jornais (do Chico) em frente ao ponto do bonde; as papelarias (Casa Mattos e Casa Umary); os bilhares (Moderno, onde hoje é o Supermercado Zona Sul); os armarinhos e lojas de confecções (Casa Madame Rosa, Casa Miro); as sapatarias (a Renomé, do Seu Adolfo e a Futurista); a bela Confeitaria Pirajá e o saudoso Cinema Ipanema. Fator importante de progresso, a linha de bondes há anos já havia sido retirada da praia – que ganhara duas pistas, com um canteiro central – e passara para a Rua Visconde de Pirajá (antiga Rua 20 de Novembro). Na Rua Teixeira de Melo, posteriormente, ficou o ponto final do bonde 14, que entrava até um rodo na Rua Barão da Torre e fazia o retorno para Copacabana e Botafogo. Muitos dos boêmios do bairro se reuniam no Renânia (depois chamado Jangadeiros) e no Café e Bar Ipanema – que não fechava nunca - para varar a madrugada, bebendo e falando mal do governo ditatorial de Vargas até o nascer do sol lá pelos lados do Arpoador, atacando os olhos de toda aquela fauna de notívagos. Contava-se que Chico Brito, boêmio famoso de Ipanema, certa madrugada, em plena Praça General Osório, aos berros, urinara no retrato de Getúlio Vargas, que retirara à força de uma casa comercial das vizinhanças. Na ditadura, todos os estabelecimentos eram obrigados a ostentar o retrato oficial, devidamente emoldurado, do Presidente, só retirado em 1945, quando o Estado Novo teve fim. A praça era notável pelo Chafariz das Saracuras, uma obra do Mestre Valentim, feita em 1795, ainda no Brasil Colônia e que para lá foi transferida em 1917, do Convento da Ajuda, no Centro. O nome devia-se a ter a bacia de cantaria ornamentada por quatro tartarugas e quatro saracuras de bronze, depois substituídas por suas réplicas. A Praça era bem arborizada, com muitas amendoeiras, ficus arbustivos e quatro grandes gramados laterais, um em cada esquina. Foi neles que os garotos de Ipanema como o Walter Clark, o Geraldinho, o Alfredo Ferrugem e muitos outros, como eu, deram seus primeiros chutes, no futebol quase diário, sempre perseguidos pela DGI (sigla, creio, de Delegacia Geral de Investigações) - a polícia motorizada que confiscava nossas bolas, pelo crime (???) de praticarmos o esporte bretão em um parque público. Havia outras forças policiais no Rio de então: a Polícia Municipal, de farda cinzenta; a Polícia Civil, de farda verde e a Polícia Especial, que funcionara como Polícia política de Getúlio Vargas, chefiada por Eusébio de Queirós e subordinada diretamente a Filinto Mueller, formada por homens fortíssimos, com seus chapéus vermelhos, chamados sempre que a confusão era grossa. A comunidade ainda mantinha a Guarda Noturna, com seus apitos, para fazer rondas quando caía a noite. Mas só a DGI reprimia nosso futebol. Não parecia ter muito o que investigar, numa cidade então pacífica e ordeira. Corríamos muito e eles surgiam do nada, em suas camionetes sorrateiras, para conseguir ficar com a nossa bola (essa, a punição pelo crime). Missão muito difícil – eles não eram muito “bons de bola” nem de corrida. Isso tudo acabou quando a Prefeitura resolveu fazer uma reforma radical na Praça General Osório. Até então, de dia, os grandes frequentadores da Praça éramos nós, os garotos das casas e colégios vizinhos, que andávamos de bicicleta e brincávamos por lá. Havia também a turma de rapazes mais velhos, que jogavam bola na praça: Rubens Japonês e seu irmão Silvio Borboleta, filhos do Seu Oushida da tinturaria, Sanny, Toninho Barriga, Cesário, Bigodinho, os irmãos Seabra, meu primo Zeca Paes e muitos outros. A noite, é claro, a praça muito escura era dos casais de namorados. Menção especial para os Fuzileiros Navais, também muito visíveis em Ipanema, com sua farda vermelha e seus gorros com fitinhas pretas - namoradores prediletos das empregadas domésticas e que costumavam se meter em brigas memoráveis. A reforma da Praça deve ter custado caro: tudo foi remexido, fizeram lagos, espelhos d’água, canteiros, plantaram arbustos novos e acabaram com os gramados e o nosso futebol. Parece ter sido encomendado: uma pracinha diferente, sem grama, sem graça ... e sem garotos, é claro. Para ver e não para usar. Raramente voltamos lá, depois disso... A reforma da Praça General Osório, creio que no fim dos anos 40 ou início dos anos 50, pecou pela mesma razão pela qual se frustram muitos projetos brasileiros: falta de sintonia com o povo, os usuários, os principais interessados. Planos de escritório, de burocratas desinformados e despreparados. Rios de dinheiro gastos para nada, ou pior: para descontentar a população. A perda da General Osório marcou todos os garotos do bairro. Muitos anos depois, quando o Walter Clark dirigia a TV GLOBO e eu era Presidente do MOBRAL, almoçávamos com o Boni, no Restaurante Panelão, no Leblon, e comentamos aquele episódio. Ele o sentira exatamente como eu. O interessante é que essa grande frustração me inspirou, no MOBRAL, para a adoção de uma metodologia de consulta à população antes da intervenção governamental - presumivelmente sempre em seu favor e que nem sempre o é, pelo desconhecimento das autoridades em relação às realidades locais. Quem conhece a comunidade é quem mora nela – base lógica do chamado planejamento participativo, assentado nas aspirações e opiniões das populações residentes. No MOBRAL, o povo passou a participar e ter a palavra decisiva nos seus planos a nível municipal, a partir do PRODAC – Programa de Desenvolvimento e Ação Comunitária. Mas na Praça General Osório a garotada não teve vez. De qualquer modo, só de lembrar que meus pais se conheceram em frente ao chafariz de pedra que evocava as fontes das suas aldeias de origem e que ainda lá está, só isso dá idéia da magia da Praça para mim. 2.DIREITOS NEGADOS – Estarrecido, percebi através de dois noticiários diferentes que os agentes totalitários estão mais ativos do que nunca, vigiando a sociedade brasileira e atacando qualquer demonstração de exercício da liberdade que possa impedir sua marcha para a ditadura mais torpe. A manchete, apresentada como se retratasse um grande escândalo nacional, era mais ou menos assim: “Escolas particulares utilizam apostilas que não passaram pelo crivo do Ministério da Educação”. O que está subentendido nessa manchete é que o MEC deve censurar a educação recebida por nossos filhos na rede privada de ensino. Um absurdo total, uma visível preparação para que a população entenda como normal esse tipo odioso de censura. E nossas liberdades individuais e de nossas famílias, onde ficam? Claro que o material didático de nossas escolas não deveria mesmo receber a crítica de qualquer órgão governamental, pois os pais e a opinião pública são as instâncias legítimas para fazê-lo. Paradoxal que os meios de comunicação são unânimes em defender a liberdade de imprensa e repelir qualquer tentativa de censurá-la. Mas quando se trata de Educação, esses mesmos meios se omitem ou agem ao contrário. Hipocrisia, vergonha e totalitarismo !Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-46377169446549661802010-03-30T05:18:00.000-07:002010-04-07T10:46:18.836-07:00VIAGEM DOCE AO CENTRO DO PASSADO1. VIAGEM À CIDADE (DO RIO DE JANEIRO) – A ida ao Centro, lá pelos anos 40, era um acontecimento e tinha três tempos bem distintos: primeiro, a viagem de ida e volta, muito divertida e sempre com muitas novidades pelo caminho; depois, as compras, o que era geralmente enjoado para a criançada; ao final de tudo, a grande recompensa da aventura: o lanche ! Na Colombo ou na Manon, na Cavé ou na Lallet ou ainda o frapé de côco no Bar Simpatia, da Avenida Rio Branco. Uma delícia... Usávamos sempre o ônibus na ida à Cidade - era assim que chamávamos o Centro naquele tempo, aliás muito apropriadamente, porque Ipanema era apenas um arrabalde. Paradisíaco, mas arrabalde. O bonde era inviável, demorava muito, por causa das inúmeras paradas, sobrava pouco tempo para os afazeres. De ônibus eram 25 ou 30 minutos; de bonde, o dobro do tempo. Eu me lembro remotamente dos ônibus da Light, muito altos, com assentos de veludo vermelho, forrados por panos brancos. Mas os mais presentes na memória são o modesto 3, todo verdinho, e mais tarde o 12, o famoso Camões, esquisito, com uma reentrância na sua frente. Pelo caminho, havia muitas atrações. Ainda na Visconde Pirajá, na passagem pela Praça General Osório, tentar ver meu pai trabalhando e acenar para ele. Logo depois, dar adeus ao cinema Ipanema e ao meu Colégio Fontainha. Na Gomes Carneiro e Francisco de Sá, apreciar as novas construções e a abertura da futura rua entre Barão da Torre e Gomes Carneiro, a Antonio Parreiras, que ocupou o lugar de uma chácara maravilhosa, onde os sapotizeiros faziam a festa da garotada. Na Avenida N.S. de Copacabana, um monte de coisas interessantes, pois o bairro era muito mais adiantado que Ipanema. Cinemas Metro, Roxy, Ritz e Americano (um tremendo “poeira”); lojas Americanas, Banaflakes, Leco; praças (a do Lido era minha predileta, onde no Carnaval havia um baile infantil imperdível); o lindo Copacabana Palace. No Túnel Novo, no início, só havia uma pista, mas ao sair dele já se via o Campo do Botafogo. Mais adiante, à direita, o Hospício (depois a Reitoria da UFRJ) e logo adiante o Mourisco. O espetáculo noturno do Mourisco era um encantamento para a garotada, com aqueles anúncios móveis e coloridos de neon – especialmente a Água Salutaris caindo da garrafa para o copo e depois borbulhando. O anúncio do Vermute Cinzano era outro luminoso lindo. Ainda hoje, quando passo lá, já de noite, tenho saudades e lamento que o Rio tenha perdido aquele espetáculo que era uma de suas marcas registradas. Depois, vinha o Morro da Viúva e a casa da família Martinelli, misteriosa, com seu rendilhado de pura arte. A seguir, a Praia do Flamengo, uma estreita faixa de areia, encoberta quando o mar estava de ressaca e as ondas chegavam a atingir os ônibus que passavam na rua. Outro ponto alto estava logo adiante: eram os jardins da Glória, com os ficus metamorfoseados nos mais diferentes bichos - coelhos, elefantes, galinhas, girafas etc - obras de uma arte quase perdida, a topiaria, em que os jardineiros portugueses, maioria absoluta na PDF, eram mestres imbatíveis. Não sabem o que é PDF ? Mas estava em todas as placas: Prefeitura do Distrito Federal (PDF), o Rio de Janeiro era a Capital do Brasil ! Outra beleza dos jardins, digna de uma ida só para vê-las, eram as luzes coloridas, iluminando os inúmeros repuxos de vários formatos da Glória, em um espetáculo maravilhoso. O Palácio Monroe anunciava a chegada ao Centro. Ao fundo, a Torre da Mesbla e seu relógio balizavam o tempo disponível. No meu caso, de início tinha a visita à Tia Amélia, que era prima querida de minha mãe, pois ambas vieram juntas para o Brasil no mesmo navio, aos 18 anos de idade, saindo da mesma família, da mesma aldeia, com o mesmo destino de empregada doméstica em casas ricas do Rio de Janeiro. E agora, bem sucedidas, ambas tinham negócio próprio: a pensão da minha mãe era em Ipanema; a da Tia Amélia na Rua Santa Luzia, num sobrado em que ela também morava, com o marido, Manoel Ferreira, empregado da MESBLA, e sua filha Lurdes, com quem eu ficava brincando enquanto minha mãe matava as saudades e contava e ouvia as novidades na conversa com a prima. Eu gostava de ir à Rua Santa Luzia porque vários de seus sobrados abrigavam no andar térreo as garagens, sempre abertas, dos barcos das regatas a remo. Eram vários clubes: Vasco da Gama, Boqueirão Passeio, Santa Luzia, Internacional de Regatas e até o São Cristóvão, porque sua garagem no Bairro Imperial, perto da Avenida Brasil, já tinha ficado muito longe do mar. Os treinos eram no Calabouço, em plena Baía de Guanabara. O Morro do Castelo ainda existia parcialmente ali perto e minha mãe ia, às vezes, a um médico de cuja sala de espera eu via o morro sendo demolido aos poucos. O problema é que depois da visita à Santa Luzia começavam as intermináveis compras. O comércio da Zona Sul ainda era incipiente, mesmo em Copacabana, mais adiantada que Ipanema e principalmente que o Leblon, este ainda um grande areal, com casas dispersas e uma florescente favela (a Praia do Pinto). Às vezes, éramos protagonistas das compras: hora de experimentar o “tanque colegial” na DNB ou outros sapatos na Scatamacchia, ou provar roupas na Torre Eiffel da Rua do Ouvidor. Cá entre nós, pior sorte tinham os pequenos fregueses enfatiotados pela loja Príncipe – que “veste hoje o homem de amanhã”. Provar roupas, expressão adequada para aquela “provação” sem fim. Uma coisa impressionante é que de mãos dadas com minha mãe, eu passava frequentemente pelo Largo de São Francisco e invariavelmente ela apontava para um prédio enorme, imponente e dizia: - alí se formam os engenheiros e você, quando crescer, vai estudar alí também. E não é que eu fui parar lá mesmo ! E por vontade própria... Minha mãe seria vidente ? Quando ela declarava, finalmente, que as compras do dia estavam encerradas, aí começava o paraíso. Era a hora do lanche, o prêmio esperado após o sacrifício daquela andação toda. A confeitaria escolhida para o evento dependia geralmente do lugar onde as compras eram encerradas. As antigas confeitarias do Rio foram o refrigério da infância obrigada a acompanhar as mães nas compras, que variavam entre quinzenais ou mensais. A Casa Cavé completou 150 anos. A Manon, concorrente relativamente nova, só tem 70 anos de idade. Outra opção era a belíssima Confeitaria Colombo, ainda hoje um patrimônio maravilhoso de nossa Cidade, assim como a Lallet, outra que gozava de nossa preferência. Para ela e a Cavé, o gozador Emílio de Menezes, para acabar com as brigas dos proprietários, escreveu uma faixa de frente e verso com os seguintes dizeres: “Quem vem de cá vê e quem vem de lá lê”. Torradas de Petrópolis, chocolate, bolinhos diversos, coxinhas de galinha divinas, pastéis de nata, travesseiros de amêndoas, bolos-rei, pudins e refrescos diversos faziam a delícia daquelas tardes memoráveis. Um privilégio de quem foi criança no meu tempo ! Depois, já satisfeitos, era pegar os muitos embrulhos das compras e voltar para Ipanema. E quando o ônibus chegava à esquina da Rua Princesa Isabel com Nossa Senhora de Copacabana, nos dias de verão, gozar o frescor que vinha da praia e era o nosso ar refrigerado natural, um prazer que só a passagem pela porta do Metro Copacabana era capaz de imitar.<br />
2.ENCONTRO DO MOBRAL COM UNESCO - Acabo de achar no GOOGLE um estudo antigo sobre o MOBRAL, realizado em meados da década dos 70 por uma missão da UNESCO. O longo estudo, elaborado quando eu era Presidente do MOBRAL, concluía que a instituição era um exemplo de sucesso a ser seguido em todo mundo. Foi a partir dessa avaliação que o MOBRAL passou a dar assistência técnica em Alfabetização e Educação Continuada a vários países (23 mais precisamente).. Os que tiverem curiosidade, pesquisem no GOOGLE “La experiencia brasileña de alfabetización de adultos - el MOBRAL” - Estudio preparado por la Oficina Regional de Educación de la Unesco para América Latina y el Caribe. Coincidência feliz ter achado esse documento às vésperas de mais um Encontro das pessoas que trabalharam na instituição e gostam de reencontrar seus antigos colegas e matar as saudades. <br />
3.ANÃO DO ORÇAMENTO INCONSTITUCIONAL - Ibsen Pinheiro, anão do Orçamento, quer dar ao Rio um Orçamento anão, rasgando a Lei Magna e usurpando a compensação a que temos direito, pelo petróleo que produzimos. Será que a Branca de Neve vai deixar ?Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-78343711251336604712010-03-24T12:54:00.000-07:002010-03-24T12:54:58.978-07:00PARTO DIFÍCIL PARA METRÔ SEM ROYALTIES1. METRÔ JÁ - Fui convidado e compareci à solenidade de início das obras da nova Linha 4 do metrô carioca, que ligará o Jardim Oceânico, onde moro, à Zona Sul da Cidade, integrando-se à malha existente. Obra que deveria ter começado nos anos 80, quando a Barra já era uma realidade palpável. Até 1981 trabalhei no Cosme Velho (no MOBRAL) e almoçava normalmente em casa, gastando 20 minutos no trajeto. Hoje, quem mora na Barra tem que fazer toda sua vida no próprio bairro, porque os congestionamentos de tráfego são cotidianos e ficamos a uma distância de uma hora e meia a duas horas do Centro. Em regra geral, nenhuma cidade que ultrapasse 1 milhão de habitantes consegue uma razoável qualidade de vida,especialmente para os mais pobres, sem um sistema abrangente de transporte de massa, sendo o metrô a solução secularmente consagrada em todo mundo. Sua primeira linha surgiu em Londres, em 1863, já lá se vão 150 anos ! A lista das pioneiras é longa: Chicago em 1892, Liverpool 1893, Glasgow 1896, Budapeste 1896, Paris 1900, Wuppertal 1901, Berlim 1902, Nova Iorque 1904, Hamburgo 1907, Newark 1908, New Jersey 1908, Madri 1919, Melboune 1919, Barcelona 1924, Tóquio 1927, Osaka 1933, Moscou 1935, Filadelfia 1936. Ônibus, certamente, é a solução mais inadequada para uma cidade do tamanho da nossa, mas persistimos há muito tempo no erro. A origem dessa escolha esdrúxula está na chamada “opção rodoviarista” de Juscelino, mais um dos equívocos do Presidente mineiro, que reduziu os investimentos nas ferrovias a zero, com a total deterioração da malha existente e renunciou a qualquer nova implantação. Abandonamos, sem planejamento, a economicidade, a segurança e o inegável valor desse tipo de transporte na consolidação de nossa infraestrutura, hoje bastante deteriorada e comprometendo a competividade de nossos produtos de exportação. Em 1959 fui a Paris, jogar a Petite Coupe du Monde (Tournoi des Trois Continents) pela Seleção Brasileira de Voleibol. Ficamos hospedados, como as demais Delegações estrangeiras (União Soviética, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria, Polônia, China) na Cité Universitaire Jean Zay, em Antony, subúrbio situado longe do Centro de Paris. Depois do Mundialito, ainda fiquei alguns dias na cidade. Mas mesmo quando estava jogando quase todos os dias pude usufruir dos encantos de Paris, graças ao seu magnífico sistema de transportes. Antony era servida pelos trens da Ligne de Sceaux que nos levava a Denfert Rochereau, com baldeação para o Metropolitain e acesso imediato à Cidade Luz. Hoje, a jornada ficou mais simples ainda e não é mais necessária a baldeação em Denfert. Eu era estudante de Engenharia Civil e entendi desde logo o valor do Metrô nas megalópoles, especialmente para a população que mora longe do trabalho. É surpreendente que nossos gestores públicos - que tanto viajam - não tenham descoberto isso antes. A falta de transporte, combinada ao deficit habitacional e à baixa renda per capita, acaba resultando na tendência à favelização da população carente e caso não haja providências saneadoras das autoridades o fenômeno se torna irreversível. Da favelização surgem progressivamente a desordem urbana, a ocupação de espaços pelo narcotráfico, a violência e a metástase urbana. Tudo isso respaldado na hipocrisia dos governantes – “favela não se remove, se urbaniza”, diziam os demagogos que nos conduziram à situação calamitosa atual. Em resumo, o metrô é uma prioridade óbvia, mesmo sendo cara a curto prazo, porque as economias que acarreta são muitíssimo maiores e os benefícios sociais espetaculares. Só não fiquei para os discursos da solenidade de sábado, porque saí quando o atraso das autoridades esperadas atingiu 60 minutos. A maioria de nossos políticos não respeita horários nos eventos. Talvez lhes pareça ser um indicador de poder ou de estar trabalhando muito. Quanto mais atrasado, mais poderoso e ocupado... Será ? Acabam se habituando ao atraso e só descobrem o óbvio com muitos anos de retardo. Foi o caso do metrô carioca, certamente.<br />
2. INCONSTITUCIONALISSIMAMENTE – Energia elétrica e petróleo são análogos e têm ICMS pago no Estado consumidor, ao contrário dos demais bens. Os Estados produtores não vêm a cor do tributo. Não se informa à opinião pública que há cerca de 20 anos vigora legislação dispondo sobre os royalties a que têm direito os Municípios cujas terras são inundadas para formar os reservatórios das usinas hidrelétricas. Trata-se de uma compensação mensal, que está sendo recebida pelas Prefeituras e que é função do faturamento com a venda da energia produzida e do tamanho da área do Município que foi inundada. Uma “pegadinha” dos meus tempos de adolescente era perguntar qual a maior palavra da língua portuguesa. INCONSTITUCIONALISSIMAMENTE ! E assim todos aprendemos esse palavrão que define muito bem a emenda do pequeno Ibsen para subtrair a compensação a que o Rio de Janeiro tem direito pela sua produção de 80% do petróleo brasileiro. Henrik Johan Ibsen foi um gigante da dramaturgia norueguesa do século XIX, pioneiro respeitadíssimo do teatro realista. E não é que o nosso pequeno Ibsen, com aquela voz empostada, teatral, e que agora nos atormenta com sua emenda eleitoreira e fratricida, foi tema (retardado) do homônimo. Em 1882, Henrik Johan Ibsen lançou sua obra de maior destaque, intitulada "O INIMIGO DO POVO", onde dissecou a miséria moral da sociedade, através do conflito entre o interesse público e a verdade. Homenagem premonitória ao homônimo ??? Caso o esbulho ao Rio de Janeiro se concretize, o metrô carioca descarrila e o pacto federativo vai para o limbo. Já tem gente até falando em secessão, República de Ipanema, Rio na OPEP e outras loucuras mais... <br />
3. PARTEIRAS – O programa GLOBO RURAL, uma das boas coisas de nossa televisão, fez uma excelente matéria sobre as parteiras de nosso País, que ainda atuam aos milhares, gratuitamente, em especial nas zonas rurais do Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Na década dos 70 o MOBRAL, sempre pioneiro, preocupou-se com a qualificação desse exército de beneméritas anônimas, utilizando o seu Programa de Educação Comunitária para a Saúde (PES) de modo a ampliar seus conhecimentos e aperfeiçoá-las para o exercício de sua nobre missão. Vários Encontros de Parteiras foram realizados e Associações e Grupos Comunitários foram formados para dar continuidade ao trabalho. Ação semelhante de integração social ocorreu com os Encontros e Grupos Comunitários de Rezadeiras e Benzedeiras, de Profetas do Sertão (que preveem fenômenos climáticos), de Carroceiros Urbanos, de Prostitutas etc etc. O MOBRAL levou o mundo oficial a valorizar esses profissionais marginalizados.<br />
4. MUITAS ÁGUAS JÁ ROLARAM – No Dia Mundial da Água lembrei-me que em 1967/68 tentei sensibilizar a Direção do IPEA para que criasse um Setor de Recursos Naturais. Essa iniciativa colocaria nossas questões ambientais na ordem do dia, com décadas de avanço em relação ao que acabou acontecendo no Brasil. Levei o Presidente do IPEA, João Paulo dos Reis Veloso, para almoçar no Restaurante Astrodome com José Cândido de Carvalho – então o maior conhecedor de nossas flora e fauna - e Nilton Veloso, brilhante especialista brasileiro que dirigia a Divisão de Recursos Hídricos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Eu já os convencera a se juntarem ao IPEA, mas não consegui o aval de Reis Veloso. Para ele, o Brasil era muito rico em recursos naturais e o tal Setor seria supérfluo. Hoje, lamentamos não ter acordado a tempo para a Ecologia e toda sua problemática. A falta de estadistas em nosso País é crônica...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-24892677364531340792010-03-18T12:36:00.000-07:002010-03-18T17:24:29.909-07:00VOLTA AO BRASIL COM MAR DE ALMIRANTE1. MARINHEIRO DE PRIMEIRA VIAGEM (Final) – A última parada da viagem com minha mãe foi o Porto, para visitar Tia Maria José Castro, sua irmã que morava com o marido, Tio José, na tradicional Rua das Fontainhas, área de moradias populares, famosa pelos festejos grandiosos e imemoriais do dia de São João (24 de junho). A data é, para o Porto, o que o Santo Antonio (13 de junho) representa para Lisboa e o Carnaval (data móvel) para o Rio de Janeiro. Os festejos já eram referenciados no século XIV. A literatura registra que nas Fontainhas, por volta de 1834, o São João era celebrado com a maior animação popular que criou fama, dando origem a que se deslocassem para ali diversos grupos, “com roupas festivas, cantos e balões dependurados em ramos, numa afluência de gente ida de todos os cantos do Porto para se divertir e comemorar o santo.” Estávamos lá na festa de 1946 e meu pai repetiu nossa visita aos meus tios, nas Fontainhas, no São João de 1952. Na volta confirmou-nos que era uma “festa de arromba” e que a assistiu “de camarote”, da casa dos cunhados. Jamais voltei. Anos mais tarde, todas casinhas foram demolidas, quando da reurbanização da área para construir a Ponte do Infante (em honra do portuense Infante D. Henrique), ligando o bairro das Fontainhas (no Porto) à Serra do Pilar (em Vila Nova de Gaia). No Porto minha mãe me levou a algumas adegas e ourivesarias. Lembro-me bem do nosso embarque para o Brasil, logo depois das festas. Foi em Leixões, porto artificial construído no fim do século XIX e que fica em Matosinhos, uns 5 quilômetros a norte da Foz do Rio Douro. Viajamos em um navio de passageiros brasileiro, do Lóide, o Almirante Jaceguay, em primeira classe, bastante confortável, mesmo nos 21 longos dias de travessia até o Porto do Rio de Janeiro. Recordo que certa noite o barco parou, ao largo, em Dakar e que canoas com vários homens se acercaram do navio pedindo dinheiro. As moedas jogadas, se caíam no mar, eram apanhadas por aqueles mergulhadores improvisados lá no fundo escuro e mostradas aos turistas – o que me impressionou bastante. Durante a viagem brincava muito com a Iris, uma menina lourinha, da minha idade, filha de um diplomata que foi surpreendido pela guerra servindo, creio, como Cônsul na Alemanha. Minha mãe dizia que os pais de Iris, que a acompanhavam, eram de uma família ilustre de diplomatas, mas infelizmente não recordo do sobrenome. Nosso navio também comemorou a passagem do Equador mas aí eu já era um veterano, com certificado e tudo. Passamos nas proximidades da ilha de Fernando de Noronha, muito bonita. Um grande dia foi o da escala em Recife. Ao descer com minha mãe, ainda no cais, ela comprou uma melancia e alguns sapotis, que comemos com grande prazer, comemorando a volta aos trópicos. Para minha mãe, não havia nenhuma dúvida de que o Brasil tropical era a sua terra para o resto da vida. Tínhamos deixado Leixões a 26 de junho e chegamos ao Rio de Janeiro em 20 de julho de 1946, com uma bagagem bastante aumentada por incontáveis latas de azeite, de embutidos imersos em banha e inúmeras garrafas de vinho tinto e branco, verde e maduro. Ipanema me esperava, em especial o Colégio Fontainha, após 3 meses sem aulas, o que significava muito estudo pela frente, para recuperar o tempo passado naquela maravilhosa aventura ultramarina.<br />
2. ECONOMIA EXIGE QUALIFICAÇÃO EM CURSOS RÁPIDOS – A inflação está em alta e as crescentes despesas correntes do Governo Federal assustam os analistas. São problemas que certamente precisam ser equacionados com presteza. Mas há uma outra prioridade que ganha força neste momento: a qualificação profissional que se faz em cursos curtos, pragmáticos, para atender às exigências mais urgentes do mercado de trabalho. A explicação está nos mais recentes dados econômicos, que sustentam a previsão otimista para o crescimento do PIB acima de 5% e que, além disso, mostram a expansão acelerada da demanda de mão de obra. Fevereiro, principalmente quando o Carnaval cai nesse mês, reduz a arrecadação da União e inibe a admissão de novos empregados, especialmente na Indústria, por ser muito curto, com menos de 20 dias produtivos. Apesar disso, a arrecadação federal chegou a R$ 53,5 bilhões e foi registrada excepcional geração de empregos: no Brasil todo. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, 209.425 postos de trabalho foram criados. Somando com janeiro, já são 390.844 novas vagas neste ano - ótimo resultado , especialmente quando comparado com 2009 que, no mesmo período, ao contrário, registrou a destruição de 92 mil empregos. As maiores contratações de fevereiro foram em Serviços (85.607), Indústrias de Transformação (63.024) e Construção Civil (34.735), mas todos os setores e subsetores de atividade econômica contrataram. A urgência da Indústria e da Construção Civil em empregar são indicadores seguros do crescimento acelerado nessas áreas. Dessa forma, é preciso qualificar trabalhadores para o preenchimento das vagas que estão surgindo e que podem somar algo superior a 1,8 milhão de empregos novos no mercado formal. O problema mais sério a resolver é que a escolha desses cursos não é guiada pela demanda de qualificações em falta no mercado. Repetem-se os cursos que vêm sendo ministrados nos últimos anos, o que nem sempre atende às novas necessidades do setor produtivo. Falta um planejamento mais detalhado para o nosso mercado de trabalho, outra prioridade urgente.<br />
3. LIBERDADES INDIVIDUAIS EM PERIGO – Sofri muito ao ver uma policial arrancar à força, dos braços de uma jovem mãe cigana, sua filha de um ano. A mãe, que vendia doces e bugigangas nas ruas de Jundiaí, recebeu ordem judicial para que a menina fosse internada e dela afastada. Terrível ! Fato com muitos pontos dolorosos de coincidência foi outra decisão recente, em que a Justiça de Timóteo (MG) condenou pais que retiraram seus dois filhos adolescentes da escola, para receberem ensino em casa, prática usual em vários países ("homeschooling"). Todos nós devemos refletir detidamente sobre esses dois episódios que limitam profundamente nossas liberdades individuais.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-49329423738138675552010-03-11T13:49:00.000-08:002010-03-11T16:31:42.817-08:00MAIS POBRES E MAIS VELHOS NA ALDEIA DECADENTE1.PIB NEGATIVO, POVO MAIS POBRE – No texto deste blog intitulado “Ritual Macabro de Verão” (3/1/10), previ que o PIB do Brasil em 2009 iria diminuir em 0,2%. O IBGE divulgou agora os cálculos respectivos, mostrando que o PIB/2009 decresceu exatamente 0,2%: a Agricultura (-5,2%) e a Indústria (-5,5%) tiveram queda, salvando-se o setor de Serviços, que cresceu + 2,6%. Como a população aumenta à taxa anual de 0,99%, o IBGE concluiu que a renda per capita foi reduzida em 1,2% em 2009. De qualquer forma, ressalte-se que o resultado da economia brasileira foi dos menos piores a nível mundial e os dados do PIB no último trimestre do ano passado permitem otimismo em relação à performance esperada para 2010.<br />
2.CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS – Uma prioridade evidente nos nossos grandes centros urbanos, com elevada concentração de pessoas da terceira idade, seria a implantação de unidades comunitárias onde os idosos pudessem ficar durante todo o dia, realizando atividades diversas com a assistência de cuidadores e onde receberiam ao menos uma refeição completa. A finalidade dessas unidades seria contribuir para a manutenção dos idosos no seu meio sócio-familiar, com todas as vantagens psicológicas, econômicas e sociais que essa inserção natural possibilita. Muitos idosos são internados em asilos porque seus familiares não podem cuidar deles, por força de seus afazeres profissionais. O investimento nesses centros seria uma solução relativamente barata, já que os próprios velhos assistidos se entreajudariam, o que minimizaria a utilização de profissionais. O fato de estarem juntos, em uma instituição comunitária, eliminaria a necessidade de maiores esforços de supervisão, que seria feita naturalmente pela própria clientela, seus parentes e vizinhos. Dentre as capitais brasileiras, o Rio de Janeiro é a que apresenta a maior proporção de população idosa. No Censo do ano 2000, as pessoas com 60 anos e mais representavam 12,8% da população carioca, enquanto, na média nacional, essa faixa etária não ultrapassava 8,6%. Como a própria Secretaria Municipal carioca reconhece, “muitas doenças da terceira idade estão relacionadas à depressão e à solidão. Isto pode ser acentuado pelo fato de no Rio de Janeiro, a proporção de mulheres idosas ser muito superior à de homens. Entre as mulheres idosas, predominam as viúvas... A família, cada vez menor e com a participação elevada de mulheres no mercado de trabalho, também fica sobrecarregada com as necessidades dos idosos”. Desse modo, a disseminação desses Centros poderia começar pelas áreas carentes da Cidade do Rio de Janeiro. Uma boa idéia seria fazê-lo imediatamente nas Unidades de Polícia Pacificadora - UPPs já implantadas nas favelas das zonas sul e oeste.<br />
3.MARINHEIRO DE PRIMEIRA VIAGEM (III) – Deixando Oliveira de Barreiros, munha mãe e eu pegamos um ônibus em Viseu rumo a Lamego e saltamos em Moimenta da Beira. Daí, em táxi, atravessando o Rio Távora, afluente do Douro, pela ponte romana do século I - que ainda estava de pé, pois não haviam construído a Barragem do Vilar - chegamos a Fonte Arcada . subindo uma estrada tortuosa. A acolhida na aldeia foi calorosa. Além dos meus velhos avós maternos (António Castro e Rosa de Jesus), conheci tias e primos, em meio a muitos risos e lágrimas, bem à moda portuguesa. Ficamos hospedados na casa onde nasceu minha mãe, com dois andares, ao estilo da aldeia: no primeiro andar - denominada loja – ficavam a adega e os animais da família, a qual morava nos andares superiores. Prática adotada para proteger os bichos do rigoroso inverno, mas com os inconvenientes que essa coabitação acarretava. Claro que para mim, um garoto citadino, aquele cheiro onipresente de curral era um tremendo incômodo. A vida de meus avós era muito dura e regulada pelas estações do ano e pelo horário solar, como usual nas zonas agrícolas. O casal tivera 7 filhas e nenhum filho homem – um desastre para uma família rural do início do século XX, que precisava de braços para trabalhar a terra, o que se fazia na base da enxada, da foice, do machado e do arado puxado por bois, sem qualquer outro implemento agrícola ou mecanização. Reproduziam ainda então o que já faziam há meio século, só que agora sem o peso das filhas a sustentar. Nos meses menos frios, trabalhavam de sol a sol na agricultura, nas poucas terras que possuíam, cultivadas intensivamente e situadas relativamente longe da aldeia. Também tinham alguns animais, para transporte e trabalhos agrícolas, além da produção de leite, carne e lã. Fabricavam um pouco de azeite e vinho. Com o trigo e o centeio faziam o pão de cada dia. Tudo para consumo próprio, para sobreviver. Praticamente não havia excedentes para vender e transformar em dinheiro, de modo a satisfazer outras necessidades da família. Do pequeno campo de linho – de um verde lindíssimo, gravado até hoje na minha memória – extraiam a fibra vegetal que fiavam e teciam, assim como faziam com a lã das suas ovelhas. Eram os materiais básicos para fabricar algumas de suas roupas (grossos suéters e meias de lã, para resistir ao frio), panos de cozinha, mantas, toalhas e colchas. As técnicas de crochê, bordado, tricot e costura eram dominadas desde cedo pelas moças da casa. Da matança anual dos porcos saía a carne para o consumo imediato, além daquela que seria salgada ou defumada (para os embutidos, que os portugueses chamam de enchidos), de modo a durar pelo resto do ano, especialmente no período de inverno. Moiras (que eu adoro e quase não mais existem, mesmo em Portugal), chouriças, salpicões, morcelas, paios, alheiras, tudo era fabricado em casa e com sabor divinal ! Fiar, tecer, costurar, bordar, fazer crochê, salgar e defumar carnes e fabricar pães e embutidos, essas as principais fainas do inverno. Já se distanciara muito o tempo em que os antepassados dos Castro eram os Senhores da aldeia (de 1530 a 1605 os Castros foram Senhores de Fonte Arcada, sendo o primeiro deles D. Álvaro Fernandes de Castro, filho de D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia). No após-guerra, aquela era uma zona rural muito deprimida, decadente, abandonada pelo poder público. Só meio século mais tarde vim a entender o que lhe acontecera, ao conhecer um engenheiro e historiador português que fora criado em Fonte Arcada e que encontrei na internet, ao buscar no Google, em um Dia de Páscoa, algum material sobre a aldeia de minha mãe. Fernando C. Quintais, que escreveu “A Fonte das Recordações”, sobre sua infância em Fonte Arcada, contou-me que a aldeia era um reduto da monarquia absolutista, por força de suas origens imemoriais, já que pertencera a Egas Moniz e depois a Inês de Castro, Rainha de Portugal. Com o aumento do poder político do liberalismo no século XIX e com a vitória dos republicanos, em 1910, os recursos governamentais passaram a ser canalizados para Sernancelhe, reduto dos vencedores e Fonte Arcada, outrora importante, perdeu status e prestígio, mergulhando na recessão. Imagino que quando minha mãe era jovem, seu pai António não tinha como manter a família de nove bocas e poucos braços. Minha mãe veio para o Brasil em 1929, aos 18 anos de idade, fugindo da pobreza com que convivia inconformada. E voltava a Fonte Arcada 17 anos depois de partir, quando seus pais já viviam um pouco melhor, mas ainda nos padrões médios das pobres comunidades rurais do Portugal salazarista. Logo nos primeiros dias após nossa chegada, houve uma festa em nossa homenagem e lembro que fui um dos encarregados de descer periodicamente à adega e encher os copos de vinho dos convidados. Claro que eu também bebia um pouquinho a cada descida e a soma desses pouquinhos resultou em sono profundo em meio à festa. Meu avô continuava trabalhando diariamente nas suas terras, enquanto estávamos lá. Saía cedinho e voltava quando já estava escurecendo. Umas duas vezes fui encarregado de levar-lhe a merenda – uma refeição feita no meio da manhã – e o almoço. Era longe, mas me colocavam na burra da família, davam-lhe um tapa na anca, diziam-lhe qualquer coisa e lá ia ela, direitinho, sem parar, durante quase uma hora, até avistarmos meu avô. Aquilo, para mim, era o máximo ! E se eu tentava mudar seu caminho, a burra empacava até que eu desistisse... e seguia para o lugar certo. O GPS dela era bem melhor que o meu...Na volta era igual: um tapa na anca, um grito e ela chegava à casa dos meus avós direitinho...Lembro ainda de ir à fonte – que dava nome à aldeia - onde as mulheres, quase todas vestidas de preto, de luto fechado, se abasteciam de água potável para suas famílias. Água que enchia grandes cântaros, transportados sobre suas cabeças. Outra recordação forte foi do dia da partida... Saímos de casa em carro de aluguel ainda no escuro e chegamos, ao amanhecer, a um largo com muitas barracas e umas poucas luzes, na junção com outra estrada maior. Era um grande acampamento de ciganos na entrada de Moimenta da Beira e minha mãe, cautelosa, pediu que o motorista do táxi esperasse até que chegasse o nosso ônibus de carreira e embarcássemos. Os ciganos – por preconceito ou por força da realidade – eram mal-afamados e minha mãe temia que alguma coisa errada nos acontecesse. Tive muito medo até que o ônibus chegou e partiu em paz. A Fonte Arcada do após-guerra deixou-me a impressão de pobreza, de condições duríssimas de vida... Era parte daquele Portugal dos emigrantes à força, empurrados pela fome e pela miséria....Mas é conveniente enfatizar que hoje Fonte Arcada é considerada uma das mais lindas aldeias de Portugal, por causa de seu majestoso patrimônio arquitetônico (ver FONTE ARCADA in “As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal”, pág. 82, Editorial VERBO, Lisboa, junho de 1996).Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-86837085664321177412010-03-06T12:46:00.000-08:002010-03-07T10:09:35.281-08:00RIO DE JANEIRO - O ELDORADO DEPENDE DE TRABALHO1. NIVER DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO – Às vésperas do 455º aniversário da Cidade, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro criou a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, encarregada de zelar pela manutenção da cidade. Uma exigência da nossa realidade urbana, que sofre um processo de metástase pela favelização extensiva, agravada pelo vandalismo desenfreado e pela incompreensão, por parte de nossa população, do que vem a ser “bem comum”. Os moradores do Rio ainda acham, em pleno século XXI, que os bens públicos “são do Governo”. Falta-lhes a percepção de que, na verdade, pertencem a todos nós - e que pagamos por eles e sua manutenção com nossos impostos. Complementando a Secretaria que combate a desordem urbana, o novo órgão vem a calhar. Na mesma semana, porém, a grande decepção: a Lagoa Rodrigo de Freitas, que os marqueteiros apressados diziam recuperada, foi palco da mortandade de quase 100 toneladas de peixes. Dá arrepios só de pensar que para aquele espaço estão programadas, para 2016, várias competições olímpicas que exigem padrões de pureza da água extremamente rigorosos. Aquela Lagoa maravilhosa da minha infância ainda estará fora de alcance por muito tempo. “Menos marketing e mais trabalho”, um lema recomendável no trato dos problemas de uma Cidade que tem tantos compromissos internacionais e inúmeras oportunidades de desenvolvimento batendo à porta. Seriedade de gestão - o melhor presente de aniversário que nós, cariocas, queremos para o nosso Rio de Janeiro.<br />
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2. O MENINO DA SUA MÃE – Emigrando para o Brasil, em 1916, meu pai escapou à I Guerra Mundial. Uma das poesias mais belas e tristes que conheço foi escrita por Fernando Pessoa, exatamente em homenagem às famílias portuguesas cujos filhos tombaram nas trincheiras do Somme: O Menino da Sua Mãe - obra-prima que retrata a solidão da morte no campo de batalha:<br />
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No plaino abandonado <br />
Que a morna brisa aquece,<br />
De balas traspassado<br />
- Duas, de lado a lado -,<br />
Jaz morto, e arrefece.<br />
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Raia-lhe a farda o sangue.<br />
De braços estendidos,<br />
Alvo, louro, exangue,<br />
Fita com olhar langue<br />
E cego os céus perdidos.<br />
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Tão jovem ! que jovem era !<br />
(Agora que idade tem ?)<br />
Filho único a mãe lhe dera<br />
Um nome e o mantivera:<br />
“O menino da sua mãe”.<br />
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Caiu-lhe da algibeira<br />
A cigarreira breve.<br />
Dera-lhe a mãe. Está inteira<br />
E boa a cigarreira.<br />
Ele é que já não serve.<br />
<br />
De outra algibeira, alada<br />
Ponta a roçar o solo,<br />
A brancura embainhada<br />
De um lenço...Deu-lho a criada<br />
Velha que o trouxe ao colo.<br />
<br />
Lá longe, em casa, há a prece:<br />
“Que volte cedo, e bem !”<br />
(Malhas que o Império tece !)<br />
Jaz morto, e apodrece, O menino da sua mãe.<br />
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Meu avô, José Lopes Corrêa, tomou a sábia decisão de mandar seu filho António para o Brasil e poupá-lo das trincheiras de lama e sangue de Flandres. Não o fizesse, ganharia estes belos versos, verteria muitas lágrimas e não teria o neto brasileiro para lembrar-se dele e agradecer.<br />
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3. MIGRAÇÃO VISTA COMO INVESTIMENTO – A vinda de meu pai para o Brasil deveu-se à entrada de Portugal na I Guerra Mundial. Mas se a analisarmos sob o aspecto econômico, ver-se-á que também foi um bom investimento. Consultando fontes bibliográficas sobre aquela época, deparei com um artigo intitulado “O Rio de Janeiro da Primeira República e a imigração portuguesa: panorama histórico”, de autoria da Doutora Carla Mary S. Oliveira, publicado no número 3 – 2009 da Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Os dados e citações ali contidos dão para formar um quadro aproximado das vantagens econômicas da migração dos portugueses (e outros povos) para a Capital do Brasil, nas primeiras décadas do século XX. De início, é importante mencionar as forças de repulsão que alimentavam o desejo lusitano de emigrar: 1. o serviço militar obrigatório em um continente politicamente conflagrado; 2. a Declaração de Guerra contra a Alemanha; 3. O “reordenamento econômico (de Portugal), baseado na implantação de relações de cunho capitalista no meio rural, privilegiando as grandes companhias para a exploração da agricultura comercial, aliada à introdução de extensa mecanização na produção, sob estímulo e beneplácito do Estado. Este, contribuiu para a instalação dessa nova conjuntura econômica, através de inúmeras medidas legais que prejudicavam sobremaneira os pequenos proprietários rurais.”(Eulália Maria Lahmeyer Lobo in “Imigração portuguesa no Brasil”, São Paulo, Hucitec, 2001). Em segundo lugar, deve-se enfatizar quais as forças de atração dos portugueses para a Cidade do Rio de Janeiro que eram determinantes à época: 1. O Brasil fazia parte do imaginário dos portugueses como um Eldorado, pleno de possibilidades de enriquecimento (associado às zonas urbanas e não ao meio rural); 2. a Capital da República recentemente proclamada, em particular, estava recebendo ponderáveis investimentos públicos do Governo Central brasileiro, com a finalidade de modernizar a Metrópole, o que gerava muitos empregos e inúmeras possibilidades de empreender; 3.“utilizando uma equivalência em libras, os salários no Rio de Janeiro podiam multiplicar por três ou quatro os salários portugueses.” (Joaquim da Costa Leite in “O Brasil e a emigração portuguesa, 1855-1914”); 4. após o “bota-abaixo” de Pereira Passos e a reurbanização do Rio de Janeiro no início do século XX, sobreveio uma vaga de modernidade, com o surgimento de confeitarias, restaurantes, casas de pasto, variadas lojas de venda de artigos de uso pessoal, produtos médicos e farmacêuticos, livros, objetos decorativos etc geralmente importados, o que exigia melhor qualificação dos trabalhadores em uma cidade em que metade dos brasileiros era composta de analfabetos, propiciando boas chances de crescimento aos emigrantes com um perfil educacional melhor; 5. Havia 172 mil portugueses no Rio de Janeiro em 1920, alguns dos quais já com boa situação econômica, constituindo “massa crítica” suficiente para acolher seus “patrícios” com certo paternalismo, facilitando-lhes a adaptação ao novo habitat. A par dessas circunstâncias, deve-se ressaltar que na Primeira República o Governo Central estava preocupado em “dar um novo significado ao trabalho, retirando-lhe o sentido degradante e violento da escravidão e associando-o ao caráter edificante e positivo do enriquecimento moral e material. Essa postura vale não somente para a imigração portuguesa, mas também para a de italianos, alemães, japoneses, sírio-libaneses e tantas outras etnias que desde então se fixaram no Brasil” (Carla Mary S. Oliveira in op. citada). Meu pai, ao emigrar, com 18 anos de idade, veio com as três primeiras séries do primário concluídas e foi trabalhar como “garçon” nos cafés e restaurantes da Lapa. Em 1922 - claro que por seu bom desempenho - foi chamado para o mesmo tipo de ocupação no restaurante e nas confeitarias da Exposição do Centenário que recebeu centenas de milhares de visitantes nacionais e estrangeiros. “A Exposição Internacional do Centenário da Independência foi oficialmente aberta em 7 de setembro de 1922, durante o governo do presidente Epitácio Pessoa, e o seu encerramento se deu na primeira semana de julho de 1923. O evento ocupou uma extensa área decorrente de aterramentos e intervenções diversas. A área destinada à “Avenida das Nações” se estendeu do Palácio Monroe até a Ponta do Calabouço ...... (Thaís Rezende da Silva de Sant'Ana in Fincando Estacas, transcrito no site http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/expo_1922.htm em que fotos da Exposição do Centenário, do autor Augusto Malta, podem ser vistas). Meu pai relatou-me que com os salários e, sobretudo, com as gorjetas (muitas em libras esterlinas) ganhas nesses meses de trabalho, reuniu recursos suficientes para comprar seu primeiro negócio próprio em Juiz de Fora, onde já estavam seus primos-irmãos, filhos de seus padrinhos Antonio Sampaio Coelho e Maria dos Prazeres. Em outras palavras, pouco mais de 6 anos após chegar de Portugal - sem qualquer capital – meu pai iniciou sua fase de empreendedor. Foi bem sucedido, pois em 1929 montou casa noturna luxuosa em Juiz de Fora também com recursos próprios. Voltando ao Rio de Janeiro em 1931, estabeleceu-se em Ipanema, em ponto nobre, na Praça General Osório, com o Café e Bar Ipanema, no qual também teve sucesso empresarial. Miriam Halpern Pereira, em sua obra “Política Portuguesa de Emigração (1850 a 1930)” - Lisboa/Porto. A Regra do Jogo, 1981, lança, pessimista, a pergunta: “Quantos conseguiam realizar o seu sonho ? Em 1.000 emigrantes, 10 enriqueciam, 100 eram remediados, os restantes sobreviviam...” Trabalhando duro, adaptando-se perfeitamente aos costumes da terra adotiva e certamente bafejado pela sorte, meu pai foi mais feliz e encontrou, no Brasil, o seu Eldorado !Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-88895254621360377752010-02-28T11:05:00.000-08:002010-02-28T11:07:04.254-08:00MINHAS ORIGENS ENTRE CEREJAS E VINHAS1 MARINHEIRO DE PRIMEIRA VIAGEM (II) – Partindo da Estação Ferroviária de Santa Apolônia - lá para os lados da Praça do Comércio, relativamente perto do Rossio, onde nos hospedamos em Lisboa - fomos para Oliveira de Barreiros, aldeia onde nasceu meu pai. Saltamos do trem para baldeação em Santa Comba Dão, terra natal de Antonio de Oliveira Salazar, o Ditador que governou Portugal de 1932 a 1968. Esperaríamos algumas horas pelo trem para Viseu e minha mãe combinara visitar uma amiga que morava na cidade. Chegados à sua casa, a agradável surpresa: ela sabia que eu adorava cerejas e tinha no quintal uma enorme árvore, carregadinha de frutas maduras, que colocou à minha disposição. Foi uma farra que tornou a espera agradabilíssima. A viagem continuou e chegamos a Viseu, a cidade mais importante da Beira Alta. Para levar nossa enorme bagagem para o carro de aluguel que nos conduziria à aldeia, minha mãe contratou um carregador também enorme, de terno, boina e suéter, que nos acompanhou até o vagão cargueiro, junto com uma mulher gordinha, muito corada e bem baixinha (menos de metro e meio). Deparando com nossa malaria, o homenzarrão pegou o baú e o colocou nas costas... da baixinha - que gemeu mas aguentou firme. Enquanto isso, o “patrício” pegou as malas - bem mais leves - e foi em frente todo folgazão. Minha mãe não se conteve, deu-lhe uma tremenda descompostura e obrigou-o a carregar o baú. E ele obedeceu, apesar das tentativas de “sua escrava anã” para contornar a situação. Assim era Dona Maria do Céo ao ver alguma injustiça... Chegando à aldeia, fomos apresentados com muita festa a inúmeros parentes e hospedados na casa de Antonio Sampaio Coelho, primo-irmão de meu pai que, acabada a guerra, vendeu o Hotel de sua propriedade em Juiz de Fora e mudou-se com esposa e filhos para sua terra natal. Lá, construiu uma casa ampla, com eletricidade e água corrente, comodidades incomuns nas pobres aldeias portuguesas de então. A casa dos Coelho era tão confortável quanto a nossa residência na Visconde de Pirajá, em Ipanema. Começava assim meu encontro com minhas origens. Durante muitas gerações, meus antepassados paternos cultivaram a parreira, fabricaram o vinho e viveram de sua venda na pequena Oliveira de Barreiros, situada a 6 quilômetros de Viseu, na Região Vinícola Demarcada do Dão. Consta que já no século XIV eram tomadas medidas protetoras do vinho naquela área privilegiada. Em 1758, de acordo com o Inquérito Paroquial (de Lourosa), a velha aldeia de Oliveira de Barreiros contava com 70 fogos (lares). Foi em 1908, ainda sob regime monárquico, que o Estado Português constituiu aquelas terras do Dão como primeira Região Demarcada de vinhos de mesa do País. O Dão, por muitos anos, conseguiu ser a região por excelência dos vinhos não licorosos em Portugal, conhecidos pela “elegância, elevada capacidade de envelhecimento e versatilidade no acompanhamento de variadas criações gastronômicas”. Meu pai nasceu em 1898 e é claro que, demarcada a região, o vinho de nossa família e suas terras valorizaram-se, consolidando meu avô como pequeno proprietário remediado. A vinda de meu pai para o Brasil, em 1916, mais do que a razões econômicas, deveu-se à entrada de Portugal na I Guerra Mundial em 9 de Março daquele ano. O conflito luso-alemão já vinha sendo travado, há algum tempo, no sul de Angola e norte de Moçambique e a Declaração de Guerra à Alemanha foi mera formalidade. Meu pai completaria 18 anos em abril de 1916 e seu destino seriam as fatídicas trincheiras enlameadas do Somme, onde milhares de portugueses morreram.. . Fiquei admirado com a centenária casa em que meu pai nasceu, com paredes de pedra, adega, cubas de concreto, lagar e tonéis que me pareciam imensos. Além do vinho, meus antepassados plantavam e criavam o suficiente para garantir sua subsistência: fabricavam algum azeite, engordavam porcos, plantavam batatas e verduras, além de explorar a madeira de seus pinheiros. Conheci as terras da família que ainda então pertenciam a meu pai, particularmente nosso pinhal – tão bonito e com cheiro gostoso de resina ! - na curva da velha estrada. Estrada onde pude ver marchando e ouvir cantando, em certa manhã de domingo, os membros da Mocidade Portuguesa (que meu pai tanto odiava), com suas camisas verdes e calças castanhas – a cópia salazarista das Juventudes Hitlerista e de Mussolini. Ajudei na colheita do nosso pequeno campo de batatas, que devia ter apenas uns 600 metros quadrados e se situava em meio às terras de vários outros proprietários. Espantei-me com o fato de meu pai ter duas oliveiras em uma praça no centro da aldeia ! Para mim, brasileiro, acostumado à vastidão das terras e à exuberância meio largada da flora, aquele respeito a propriedades tão diminutas, ainda mais em local público, era algo inusitado. Foi esse sentimento arraigado de propriedade, principalmente nas regiões centrais e do norte de Portugal, que depois da Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974) impediu o avanço do poder político dos comunistas no País, quando ousaram mexer nas terras daqueles minifúndios. Foram expulsos a enxadadas... O forte da aldeia era incontestavelmente o vinho, como ainda o é hoje, em pleno século XXI. Através do vinho, o nome da aldeia de meu pai já passou as fronteiras da região e as do País, com suas marcas próprias, registradas atualmente, como “Pedra Cancela” , “Vinha Paz” e “Vinha de Reis”. Mas a produção é pequena e não chega ao Brasil. Dos acontecimentos interessantes, naquela minha estada em Oliveira de Barreiros, lembro das demoradas mas alegres idas a Viseu em carro de bois, com os primos, ou de charrete, quando a viagem incluía minha mãe. E em Viseu, recordo das visitas à Sé, às Cavas (fortificações) de Viriato – o herói lusitano que combateu os romanos – e de uma refeição numa tasca, com minha mãe, consistindo de sardinhas, batatas cozidas, azeite e pão, comidos à volta de um imenso barril que servia de mesa. Lembro, também, que na aldeia fez muito frio e houve dias em que nem saí de casa. Afinal, da terra de meu pai viam-se as neves eternas da Serra da Estrela, o ponto mais alto e gelado do território português. (Carlos Pereira, em seu blog <strong>http://oliveiradebarreirosgrandesamigos.blogspot.com</strong> sobre a aldeia, conta-nos que em 2010 já nevou duas vezes por lá). Em algumas aventuras, me dei mal. Antoninho, meu primo que tinha uns 15 anos, sugeriu que fôssemos escondidos comer as cerejas das árvores de uma sua tia (minha prima). Pediu-me que, para não deixar vestígios da travessura, eu engolisse os caroços das frutas que comesse. Dito e feito e – é claro- uma brutal dor de barriga. Os caroços dele, o malandro guardara no bolso da calça...Mesmo vindo de Ipanema eu não era tão vivo assim nos meus 9 anos de idade. Aliás, levaram-me um dia à escola da aldeia, onde haviam estudado meu pai e meu primo querido Sylvio Simões de Figueiredo. Eu disse à professora que estava começando o terceiro ano primário e ela me fez algumas perguntas que eu não soube responder inteiramente. Fiquei meio encabulado. Afinal, eu pensava estar defendendo a honra nacional e fracassei tão fragorosamente quanto o fazem nossos alunos submetidos ao PISA, o teste que a OECD aplica a muitos milhares de alunos de meia centena de países e no qual os brasileiros sempre ficam nas últimas colocações. Mas como o Brasil sempre perde para Portugal no PISA, eu apenas estava antecipando nossas derrotas futuras. No final de nossa estada em Oliveira de Barreiros a temperatura aumentou e deu para ir tomar banho no Rio Dão, em um remanso perto de Nelas, onde havia uma “praia” – obviamente uma denominação meio risível sob o ponto de vista de um garoto que vinha das vastas areias de Ipanema. De qualquer forma, foi um dia divertido, passado com meus entusiasmados primos juiz-foranos (Antoninho, Laura, Cirene e Belmira). Afinal, o único mar que a turma da Manchester mineira conhecia até então era o Mar de Hespanha... Para mim, na época, as condições de vida naquela aldeia desmentiam a ideia de miséria que as zonas rurais de Portugal inspiravam. Talvez pela proximidade de Viseu; talvez pelo fato de o vinho ser um produto precioso de exportação, com bom preço em um momento no qual outros países europeus, envolvidos na guerra, viram declinar suas produções; ou ainda pelo impacto da chegada de Antonio Sampaio Coelho, que construiu uma enorme residência, comprou terras e injetou recursos financeiros acima do normal na aldeia.O fato é que gostei de Oliveira de Barreiros e a achei muito confortável. Mas estava na hora de ir para a terra de minha mãe e conhecer meus avós...<br />
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2. DESEMPREGO AUMENTA NAS METRÓPOLES - O IBGE divulgou sua Pesquisa Mensal de Emprego (PME) referente a janeiro de 2010. A taxa de desocupação subiu 0,4 % relativamente a dezembro de 2009, ocorrência natural em face da demissão dos trabalhadores temporários contratados para as festividades de fim de ano nas Capitais. Desse modo, a população desocupada (1,7 milhão) cresceu 6,0% na comparação com dezembro de 2009 (mais 95 mil pessoas) e a população ocupada (21,6 milhões) caiu , havendo menos 210 mil postos de trabalho em relação a dezembro de 2009. A PME cobre apenas as seis principais regiões metropolitanas do Brasil (Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Recife) e só tem maior interesse para os respectivos Governos Estaduais. O IBGE poderia descontinuar essa pesquisa e usar os respectivos recursos financeiros para realizar levantamentos trimestrais sobre o mercado de trabalho cobrindo todo o País. Com esse tipo de informação, poder-se-ia definir políticas públicas nacionais de emprego mais fundamentadas e efetivas.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-79921348406245167572010-02-22T05:25:00.000-08:002010-02-22T10:46:21.487-08:00ECONOMIA BRASILEIRA EM MAR DE ALMIRANTE1.MARINHEIRO DE PRIMEIRA VIAGEM (I) – Na década dos 40, as viagens à Europa e Estados Unidos eram normalmente feitas em navios. Dirigível era alemão e só existira antes da guerra, nos anos 30. Avião era exceção, para um público reduzidíssimo. Encerrada a II Guerra Mundial, em 1945, minha mãe ficou na expectativa de uma oportunidade para viajar a Portugal e rever seus pais, ambos com mais de 70 anos de idade. Muitos outros filhos de imigrantes, como eu, fariam essa mesma viagem, para conhecer avós e as terras ancestrais. Foi o caso de José Carlos Santiago, da rede de voleibol em que jogo atualmente na Barra, e dos irmãos Eduardo e Isolda, donos do famoso CHAIKA. Todos filhos de portugueses e moradores de Ipanema, cujas recordações devem ser semelhantes às minhas. Em 1946, minha mãe e eu fomos para Portugal, no primeiro navio disponível: o Duque de Caxias, navio-transporte da Marinha de Guerra, que em agosto de 1945 viera de Nápoles (Itália) transportando os “pracinhas” da FEB de volta ao Brasil. Nossa viagem era atípica, em classe única. Os paquetes comerciais, de carreira, tinham geralmente três classes, com diferentes graus de comodidade, mas o Duque de Caxias era um navio de guerra, com outra configuração. Deixamos o porto do Rio de Janeiro a 28 de abril de 1946 e chegamos a Lisboa no dia 10 de maio à noite, aportando na manhã seguinte – cinzenta e muito fria, até para a primavera européia. Na travessia do Atlântico, vivi 13 dias de aventura, correndo por todos os cantos do barco, visitando maravilhado aquelas máquinas poderosas lá embaixo, descobrindo um mundo novo. Ainda mais que o navio tinha 2 canhões. e 12 metralhadoras, trazendo a realidade da guerra para perto dos meus olhos. Em 8 de maio, esse armamento entrou em ação e presenciamos um exercício de tiro em alto-mar, comemorando o primeiro aniversário do Dia da Vitória. Interessante também havia sido a passagem do Equador: festiva, marinheiros vestidos de Netuno, com tridente e tudo, dando trote e banhos de mangueira nos companheiros que passavam a linha imaginária pela primeira vez. Todos nós, calouros do Equador, recebemos diplomas atestando aquela nossa nova experiência marítima. No mais, lembro dos banhos diários com um sabonete especial, porque a água, dessalinizada pelos equipamentos de bordo, era muito “dura” (cheia de sais minerais) e só fazia espuma com aquele “tijolinho” escuro e inodoro. Aliás, “diziam” que fazia espuma...mas era uma batalha inglória. Lembrança marcante, também, era a despensa particular que minha mãe levava em sua bagagem, com vários pacotes de pão de forma, muitas latas de conserva (recordo-me da sardinha e da presuntada), bolos etc para alguma emergência, prevendo minha não adaptação à comida de bordo. À noite, eu costumava ir à sala dos radiotelegrafistas, onde ouvia a Hora do Brasil e depois as ondas-curtas de emissoras brasileiras. O navio “jogava” enormemente, a viagem não era absolutamente confortável e o número de pessoas enjoadas era descomunal, mas eu resisti bravamente às ondas do Atlântico. O espetáculo dos botos, em grande quantidade, nadando permanentemente na esteira deixada pelo navio, à espera de comida, era outra fonte de distração e encantamento. Tristes, no Duque de Caxias, só os momentos em que os alto-falantes nos avisavam que estávamos passando no ponto onde o navio x ou y, da nossa Marinha Mercante, havia sido atacado e afundado por algum submarino alemão. Chegando a Lisboa, a primeira recordação que me ficou foi da confusão com a nossa bagagem. Naquela época, nos navios, viajava-se com um enorme baú, pesadíssimo e nada portátil, que levava o grosso das roupas e ia despachado no porão do barco. A esse verdadeiro “container” em miniatura somavam-se algumas malas menores (mas não tanto), que no caso de minha mãe continham todos os presentes a dar para a família (enorme) e bons amigos ausentes por tanto tempo. Até desembaraçar tudo na Alfândega e aninhar aquela verdadeira “mudança” no carro de aluguel (assim chamavam o táxi), foi uma eternidade. Café, goiabada, açucar e cigarros, escassos e caros em Portugal, eram os itens preferenciais dentre os presentes, além das roupas brasileiras, naturalmente. Do porto de Lisboa, fomos para o Largo do Rossio, onde ficava a pensão onde nos hospedamos, em localização muito conveniente pois em outro andar do mesmo prédio morava uma prima de minha mãe. Nossa prima, casada com o Dr. Antonio, funcionário graduado do Banco de Portugal, do qual ganhei minha primeira coleção de selos, foi nossa companhia inseparável em Lisboa. O prédio onde ficamos ainda existe e é um daqueles magníficos e lindos exemplos da arquitetura portuguesa, imponentes e totalmente restaurados, na praça onde a estátua de D. Pedro IV de Portugal – o nosso D. Pedro I – reina absoluta. Em 1946, ainda havia racionamento de comida em Portugal, pão e carne bovina sendo sujeitos a restrições, mas nossa pensão, mesmo assim, seguia o ritual do longo cardápio europeu: às refeições, invariavelmente, serviam uma sopa, um primeiro prato de peixe (ainda que fosse o modesto carapau, sardinha de terceira categoria), um segundo prato de carne (geralmente branca ou carne de porco) e a sobremesa (fruta da estação ou doce). A cada refeição só se comia um pão francês, que eles chamavam de “papo-seco”. Café...nem pensar...Coisa só de brasileiro, maior produtor mundial da preciosa rubiácea. Mas não faltavam o vinho, o azeite e o vinagre. O que eu gostava mesmo era dos pacotes de meio quilo de cerejas e meio quilo de nêsperas (que ainda não existiam no Brasil) que minha mãe comprava religiosamente, todas as manhãs, ao sairmos para visitar a cidade. Lisboa ainda exibia grandes e luxuosas confeitarias - onde costumavam sentar-se os membros das realezas destronadas e decaídas da Europa destroçada pela guerra. Ponto de parada obrigatório era também um dos muitos quiosques de ginjinha (licor de uma espécie de cereja brava), no Rossio ou na Praça da Figueira, para um cálice da bebida com uma frutinha dentro. No mais, era explorar o desconhecido e me lembro da ida ao imponente Mosteiro dos Jerônimos, onde as mulheres só eram admitidas com um véu negro cobrindo a cabeça (minha mãe teve que comprar um à entrada). Também me recordo da Torre de Belém, onde minha mãe explicou orgulhosa que dali saíram os barcos que descobriram o Brasil. Inesquecível e jamais repetida ao longo de minha vida, foi a tarde no Campo Pequeno, para ver uma tourada, em um domingo ensolarado, com muita música e emoção, aquelas roupas coloridas dos toureiros, cavaleiros e bandarilheiros – uma festa para os olhos. Com certa reverência, minha mãe, ex-camponesa pobre, anunciou um dia que iríamos ao Estoril, local chiquérrimo, ainda então habitado por muitos ex-reis e rainhas, imperadores e imperatrizes, que vagavam suas lembranças e roupas da “belle époque” nas mesas do célebre Cassino – onde não pude entrar – e no luxuoso Hotel anexo. Realmente o Estoril era lindo, com jardins irreais de tão bem projetados e tratados. Algumas pessoas que lá vi pareciam saídas de um filme do início do século e de certa forma o eram, ao viver na esperança de um tempo que jamais voltaria...Outra excursão interessante foi à Costa da Caparica, do outro lado do Tejo, próxima à atual Ponte 25 de Abril, onde a prima de minha mãe tinha uma casa de férias. Pegamos uma barca - tipo Rio-Niterói - e chegamos a uma praia de areias alvíssimas, na qual ficava a casa da prima. No mais, eram as andanças pela Avenida da Liberdade, as idas aos ourives da Rua da Prata, as subidas no Elevador da Santa Justa, ligando a Cidade Baixa à Cidade Alta. Depois de alguns dias em Lisboa fomos de trem para Oliveira de Barreiros, em Viseu, terra do meu pai. Bem, mas essa é outra história, para outro blog, de modo a não cansar os pacientes leitores com minhas aventuras infantis.<br />
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2. EMPREGO E PIB PROMISSORES EM 2010 - O país registrou em janeiro de 2010 a geração de 181.419 empregos com carteira assinada. A indústria de transformação teve resultado excelente, com a criação de 68.920 empregos. O setor de serviços com 57.889 vagas e a construção civil com 54.330 postos formais criados, completaram um quadro muito positivo, que dá esperanças de um ano muito bom para o mercado de trabalho. A performance da Indústria – motor do desenvolvimento econômico – reforça, por outro lado, as expectativas otimistas de crescimento geral da economia brasileira, cujo PIB vai expandir-se acima de 5%. Nesse patamar, fará crescer a renda per capita da população, melhorando sua qualidade de vida.Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-72551762833838478552010-02-16T10:47:00.000-08:002010-02-16T10:53:47.352-08:00ELITE EM RUÍNAS NO PARQUE DAS ÁGUASELITE NO PARQUE DAS ÁGUAS – Antigamente, as famílias cariocas da classe média tinham uma receita infalível para sua saúde física e mental. Começavam o ano nas estações de águas. Eram outros tempos, mas as zonas urbanas de maior densidade populacional já causavam demasiado estresse aos seus habitantes. Aqueles 21 dias de lazer regado a muita água mineral, em clima ideal para o repouso e a reposição de forças, eram uma solução admirável. Os cariocas preferiam Caxambu, São Lourenço, Cambuquira e Lambari, inclusive pela facilidade de acesso, embora aquele trem com baldeação em Cruzeiro não fosse o passeio dos meus sonhos. Mas depois vieram as estradas asfaltadas, meus pais compraram carro e tudo ficou mais fácil. Mas até de avião DC-3 fomos lá, saltando em Campanha e atingindo Cambuquira de táxi. Sim, minha família pertencia á “turma” de Cambuquira. Era uma espécie de religião. As famílias tinham suas irremovíveis preferências e todos os anos iam para o mesmo hotel, na mesma cidade, sabendo que iam encontrar os mesmos companheiros de caminhadas pelo parque, de roda de baralho e de cassino – pois mesmo depois de proibido, em 1946, o jogo escondido era usual nesses locais de veraneio. As famílias antigas gostavam da rotina e tinham razão. Rotina, ao menos para os idosos, quer dizer estar com boa saúde, com a vida financeira regulada, sem problemas na família – e isso é muito bom quando se é velho ! Nossa cidade adotiva de férias tinha ótimos hotéis: Vitória, Empreza, Globo, Silva, Matos, Elite. Éramos da “clientela” do Seu Jari, do Hotel Elite, que ficava na rua principal e cujos fundos davam para o Parque das Águas... Foi gozado nos primeiros anos, pois meu pai levava para Cambuquira seu inevitável vinho tinto do Dão, vindo diretamente de sua Oliveira de Barreiros em enormes pipas. Bebia água mineral também, mas o vinho ao almoço e ao jantar era um hábito ancestral. As mesas de refeições eram fixas, por família, e a presença daquela garrafa destoante, com líquido bordô, mesmo naquele salão enorme, não passava despercebida. Alguns paravam para ver se era verdade... Com o passar dos anos até o vinho do meu pai virou rotina. As caminhadas pela mata do parque; as excursões a cavalo pelas fazendas das redondezas de Cambuquira ou para ir à longínqua Fonte do Marimbeiro; o pingue-pongue e a piscina diária; as “paqueradas” em grupo até a porta dos outros hotéis para ver caras novas; o engarrafamento das águas exportadas do Parque para os demais Estados - tudo isso era nossa fonte de diversão. Para nossos pais, as fontes que mais contavam eram a magnesiana, a alcalina, a sulfurosa, a ferruginosa etc. Podia ser rotina - mas era maravilhoso. Quando fui entrando na adolescência, passei também a jogar voleibol na quadra do parque. A mesma onde as principais equipes do Brasil disputavam os famosos Torneios de Cambuquira. Aliás, parece incrível, mas nos 20 anos em que joguei no voleibol oficial pelo Fluminense, convidado certo, jamais disputei esse Torneio que todos atletas adoravam. Comida boa e farta, farra, seresta, ótimas companhias - nada faltava no Torneio. Às vezes tinha briga feia, por causa das rivalidades provincianas. Bem, mas isso é assunto para o blog do Prof. Roberto Pimentel em <a href="http://procrie.com.br/">http://procrie.com.br/</a> O fato é que todos os “veranistas” – era assim que os nativos nos chamavam - voltavam daquelas férias bem dispostos e prontos para enfrentar o ano que começava. As fotos mais antigas que tenho de nossas viagens são de 1940 (chegando ao Hotel no meu “carro de bodinho”) e as mais recentes de 1952 (esperando o chofer de meus pais junto ao nosso carro, para passeio com amigos veranistas). Posteriormente, a estação de águas caiu em desuso, Cambuquira declinou, todos os hotés que citei fecharam. Infelizmente, conforme vi e li no blog <a href="http://cambuka.blogspot.com/">http://cambuka.blogspot.com/</a> o belo prédio centenário do Hotel Elite, em estilo romano, está em ruínas, desmoronando, principalmente na parte dos fundos. E assim se perde a história de uma época, neste País sem memória...Mas para mim aquelas muitas férias são inesquecíveis !<br />2. NOVA REITORA FOI SUPERVISORA DO MOBRAL - A Prof.ª Ms. Maria Célia Pressinatto, Supervisora do MOBRAL em Limeira, onde fez um trabalho primoroso, é a nova Reitora do Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto, São Paulo. Dela recebi o seguinte email: “Gosto muito de ler seu blog e perceber o quanto você é crítico em relação aos acontecimentos do país. Dia 29/01 tomei posse como Reitora do Centro Universitário Barão de Mauá e como sempre contei com o seu apoio, estou comunicando. No site do Centro Universitário estão as fotos da posse em <a href="http://www.baraodemaua.br/">http://www.baraodemaua.br/</a> Foi uma solenidade bonita e a minha emoção foi muito grande e queria compartilhar com você. No meu discurso disse que fiz parte da implantação do MOBRAL, trabalho que sempre me orgulhou muito.” Célia, sempre leal à instituição em que trabalhamos e aos princípios que norteavam as atividades do MOBRAL, merece esse destaque.<br />3.SÃO PAULO TEM SALVAÇÃO - Em janeiro e fevereiro de 1910, PARIS sofreu a maior inundação de sua história. A estação de ORSAY (atual Museu d`Orsay) ficou com mais de metro e meio de água; em grande parte do Centro foram colocadas passarelas para possibilitar o deslocamento de pedestres; em muitas áreas da Cidade o acesso só era possível por barco; a Catedral de Notre Dame e a Torre Eiffel ficaram isoladas; o Hôtel de Ville, ilhado por água acumulada no fosso que dava acesso aos porões; o Canal de San Martin desapareceu e a eclusa de La Monnaie, então reguladora do nível do Sena, foi ultrapassada pelas águas do rio....Enfim, um verdadeiro caos. Veja o que aconteceu, nas fotos do site <a href="http://inondation1910.paris.fr/">http://inondation1910.paris.fr/</a> Cem anos depois, a Cidade-Luz continua sendo a mais linda do mundo, apesar de ter passado também pelas duas guerras mundiais. São Paulo, a mais rica cidade brasileira, tem solução e há propostas ousadas para evitar suas enchentes. Entre elas, despejar suas águas excedentes no Atlântico, através de uma hidrelétrica que aproveitaria a queda entre o planalto e a Baixada Santista. É claro que as soluções demandarão muito empenho, por vários anos. É provável que São Paulo não se torne a mais linda cidade do mundo nem em 2110, mas um trabalho sério e competente iniciado imediatamente impedirá que continue essa imensa ilha de concreto, cercada de águas fétidas por todos os lados.<br />4.RECEITA ABOLE PAPEL – Terrível o anúncio, da Receita Federal, de que no próximo ano não mais serão aceitas declarações de imposto de renda em formulário de papel. Os idosos que as apresentam desse modo terão que pagar um salário-mínimo, subtraído de suas parcas aposentadorias, para que alguém as faça em meio eletrônico. Os velhinhos já estão estressados desde agora... e passando mal...Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3991378822443969241.post-88017521551556387502010-02-10T10:30:00.000-08:002020-01-27T12:55:32.302-08:00CARNAVAL COM MUITA ENERGIA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinR_gOLCf5D3EyArRAzbs4y7DtCaGPh30MuQWYEJ9WZWjpZ7a3iPoBCKKbxkbTQNgj43WoX-xsHCy55zuJMl-Lyq9dQHNeJQiz_jSA9vdzC8yuniKnDzGC7JPKOLNLkOZX2pZ6Yvh5kPNA/s1600-h/Digitalizar0001.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5436969136716557410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinR_gOLCf5D3EyArRAzbs4y7DtCaGPh30MuQWYEJ9WZWjpZ7a3iPoBCKKbxkbTQNgj43WoX-xsHCy55zuJMl-Lyq9dQHNeJQiz_jSA9vdzC8yuniKnDzGC7JPKOLNLkOZX2pZ6Yvh5kPNA/s320/Digitalizar0001.jpg" style="cursor: hand; float: right; height: 320px; margin: 0px 0px 10px 10px; width: 231px;" /></a><br />
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1.CARNAVAL DA MINHA INFÂNCIA – Minha lembrança mais antiga do Carnaval é de meados da década dos 40. Na manhã calorenta, “bloco de sujo” desfilando na Rua Visconde de Pirajá e eu na frente, de short e cara pintada, empunhando uma caneca de metal, para arrecadar as moedas que o público generoso dava à garotada, premiando o batuque cadenciado e a animação das marchinhas cantadas a plenos pulmões. Menor do grupo, eu não era bom de tamborim ou pandeiro - cuíca ou bumbo, nem pensar ! - daí a dura missão de arrecadar os tostões, para a qual também jamais levei jeito...Cada turma tinha o seu bloco e ninguém queria ficar para trás. O meu era da Visconde, do trecho entre Montenegro e Farme de Amoedo. Nos dias de Carnaval, Ipanema ficava repleta de foliões individuais, em duplas ou pequenos grupos, vestidos de mulher, neném (com fraldas sujas de abacate), índio, tirolês, legionário, palhaço e pirata. As foliãs, em menor número, iam de odalisca, tirolesa, índia, bailarina e colombina. Mas o interessante mesmo era deparar com o inesperado. A Rainha de Sabá, negra e dourada, esplendorosa, na Prudente de Moraes, fazendo contraponto com a “nêga maluca”, em farrapos, da Teixeira de Melo; o deputado baiano, de microfone em punho, discursando na Praça General Osório e o próprio Getúlio Vargas, de bombachas e chimarrão, desfilando solene na Barão da Torre e acenando para o povo. Banho à fantasia não era coisa de Ipanema e ficava mais no Flamengo ou Copacabana. À tarde aconteciam os bailes infantis, na Praça do Lido (Copacabana) e no Helênico (na Praça General Osório), que para os adolescentes da Zona Sul davam lugar ao baile infanto-juvenil do Botafogo – o melhor de todos – ou os do Fluminense ou Monte Líbano – este, ainda na sede de Botafogo, antes da mudança para a Lagoa. Só bem mais tarde a turma da Miguel Lemos passou a ter seu criativo baile de rua em Copacabana. Na ida e na volta para os bailes, nosso Carnaval subia no bonde ( no 12 ou no 13, mas este preferentemente - que ia pelo Túnel Novo). Tinha batucada, cantoria e guerra de confetes com jatos de lança-perfume contra os passsageiros dos bondes que vinham em direção contrária. Nos dias sem baile infantil, a viagem de bonde era mais longa, até o Centro da Cidade, onde a animação não falhava. Lá, ainda havia um resíduo do corso, desfile de foliões e foliãs com fantasias de luxo, em carros conversíveis. Mas a predominância já era dos blocos organizados, bem fantasiados, com baterias excelentes, desembocando na Cinelândia e adjacências. O Cordão do Bola Preta já era sucesso absoluto. À noite, crianças como eu eram levadas pelos pais zelosos ao espetáculo supremo, dado pelas Grandes Sociedades: Pierrôs da Caverna, Fenianos, Democráticos, Tenentes do Diabo (meu pai foi sócio), com carros enormes e jovens bonitas, fantasiadas com pouca roupa, cantando e jogando beijos à assistência enlouquecida na Avenida.. O Carnaval de rua ainda predominava, mas confete, serpentina e lança-perfume já começavam a migrar para os salões e lá se fechariam por muitos anos... Anos mais tristes...<br />
2. O EXEMPLO DE PORTUGAL – Carlos Roberto dos Santos Moura, meu colega de Mello e Souza e Escola de Engenharia, mandou-me um ótimo artigo sobre Energia, que partilho com meus leitores. Eis o texto: “No século XV, eram os portugueses exímios fabricantes de caravelas. Os seus engenheiros navais, especialistas em construções de madeira, ao longo dos anos, foram aperfeiçoando as peças. Tira um pouco daqui, apara dali, acabaram transformando a sua indústria naval em fábricas de tamancos. Continuaram, porém, o processo de aprimoramento das peças de madeira: tira um pouco dali, apara dali, transformaram a indústria tamanqueira em fábricas de palitos, que é a única coisa que Portugal produz, atualmente.” Embora descendente de portugueses, meu pai, como bom brasileiro, gostava de contar piadas ironizando nossos colonizadores, como a acima transcrita. Entretanto, nunca acreditou na alardeada burrice lusitana. Da mesma forma, sempre admirei a competência dos colegas engenheiros lusos. Assim, logo que me formei na Escola Nacional de Engenharia, no Rio, em dezembro de 1960, tratei de embarcar para Lisboa, em 3 de janeiro de 1961, rumo ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o famoso LNEC. Tive, então, a oportunidade de conhecer um pouco da tecnologia portuguesa em barragens, especialmente de concreto, e na engenharia hidráulica, em geral. Não por acaso, é português o projeto da barragem em abóboda delgada de concreto da Usina de Funil, no Rio Paraíba do Sul, perto de Resende (RJ). Também o alargamento da praia de Copacabana, realizado nos anos 60 (Governo Lacerda), contou com a supervisão do estimado Professor Lajinha, do LNEC. Essas antigas lembranças vieram-me à mente, quando tomei conhecimento da notável expansão da geração de energia eólica ocorrida em Portugal, após 2008. Hoje, 36% da eletricidade consumida é proveniente dos ventos ou diretamente do sol. Assim, houve significativa redução na dependência da importação de combustíveis fósseis, com evidentes vantagens econômicas e ambientais. Atualmente, são europeus os países líderes na participação eólica em suas matrizes energéticas: Dinamarca, com 20%; Portugal, 15%; e Espanha, alcançando pouco mais de 14%. O segundo lugar lusitano foi obtido em 2009, graças a um incremento de 31,6% em relação a 2008. Uma das estratégias utilizadas para o aumento da geração eólica foi a promoção do uso privado, incentivando os pequenos aerogeradores. A situação brasileira é bastante diferente: temos mais de 45% da energia (como um todo) oriunda de fontes renováveis. Na área de eletricidade, uma posição invejável, com a predominância absoluta da energia hidráulica. Porém, são enormes os desafios. Não há desenvolvimento sem aumento do consumo de energia. Se a demanda por eletricidade crescer mais rapidamente que a capacidade de ofertar energia ocorrerá um desequilíbrio que precisa ser evitado. O apagão de 2001 mostrou-nos a necessidade imperiosa da diversificação das fontes energéticas. É de fundamental importância o investimento em diferentes fontes de geração para que o Brasil possa se desenvolver de forma sustentável. Em termos mundiais, o uso de petróleo continua a crescer, em decorrência do padrão de consumo predominante nos Estados Unidos e da explosão desenvolvimentista na China e na Índia. O Brasil ocupa posição de liderança na tecnologia de fabricação do etanol e na sua produção industrial. Graças aos avanços tecnológicos e à evolução do processo produtivo, o álcool tornou-se competitivo. Embora sejam grandes as dificuldades para o licenciamento ambiental, a energia hidrelétrica ainda é primordial no sistema elétrico brasileiro. Assim, temos o desafio de construir Belo Monte e as usinas do Rio Madeira – Jirau e Santo Antônio, e mais outros aproveitamentos na Amazônia. Além disso, há a necessidade de investimento em linhas de transmissão, como o linhão Tucuruí – Manaus e a LT Porto Velho – Manaus, em corrente contínua. Apesar de 70% do seu território não ter sido prospectado, o Brasil possui uma reserva de 310.000 toneladas de urânio (sexta maior do mundo). Por isso, a construção da usina nuclear Angra 3 e de outra no nordeste é altamente recomendável, com o objetivo de diversificar a oferta de energia. Com referência à energia complementar, também podemos vencer o desafio de incrementar o uso de fontes renováveis, pois temos as dádivas do sol tropical, ventos abundantes e terras férteis, que favorecem o uso do álcool, bagaço de cana, carvão vegetal e até lenha, de forma sustentável. Certamente teremos um aumento da utilização da energia solar de forma direta para aquecimento de água. Mas, é a energia eólica que se apresenta com um grande potencial de crescimento, desde que vencido o desafio de reduzir os custos das usinas, como ocorreu no setor sucroalcooleiro. No caso da geração eólica, os equipamentos ainda são muito caros, a que dificulta sua competitividade. No entanto, investimentos para incentivar o uso maior dos ventos na nossa matriz energética podem vir a ser rentáveis futuramente, muito embora a participação maior ou menor de uma fonte não seja apenas um ato de vontade política. No momento presente, o exemplo de Portugal merece ser estudado, pois mais uma vez a experiência dos portugueses pode vir a ser útil para o Brasil.</div>
Arlindo Lopes Corrêahttp://www.blogger.com/profile/07283447331764596172noreply@blogger.com15