terça-feira, 25 de maio de 2010

VOLEIBOL DOS TEMPOS DO CACHORRO AMARRADO COM LINGUIÇA

1.JOGOS DE INVERNO DE SANTOS – Fui jogador de voleibol nos tempos do amadorismo. Ganhava-se pouco – ou melhor, nada - mas era divertido. Uma das boas coisas do esporte oficial eram as excursões. O Fluminense, onde joguei toda vida (de 1953 a 1973), sempre foi muito convidado - pela importância do clube e pelo padrão técnico de nossa equipe. Na década dos 50 tive a sorte de entrar no timaço formado por Átila, Gil, Parker, Garcia, Mário, Ronaldo, Naga, Paulo Careca, Jonjoca, Jair Osmonde, Marquinhos, Xinxa etc. O técnico era Paulo Azeredo, dotado da paciência necessária para administrar aquela plêiade de astros temperamentais e cheios de vontades. Eu vinha do juvenil tricolor, onde ingressei em 1953, levado da praia pelo técnico Corrente (Hélio Cerqueira). Subindo para a Primeira Divisão, ainda bem jovem pude participar na conquista de títulos muito importantes pelo tricolor: fui tri-campeão do Rio de Janeiro (1956, 57 e 58) e Campeão dos Campeões Sul-Americanos, invicto, no Torneio de Buenos Aires, em 1957, contra as melhores equipes da Argentina, Uruguai, Paraguai. As excursões do tricolor para jogar fora do Rio eram maravilhosas, até porque nossa turma, só de estudantes e profissionais universitários, era animada, criativa e fazia muito sucesso em todos os sentidos. As cidades mais visitadas eram São Paulo, Belo Horizonte, Cambuquira, Juiz de Fora... No exterior nosso time jogou em Buenos Aires e La Paz. Em todas, sempre uma festa ! E havia os fabulosos Jogos de Inverno de Santos, nas férias do meio do ano ! Para lá íamos sempre em ônibus privativo, viajávamos à noite, na véspera da estréia, por força do orçamento apertado. Saíamos do Terminal Rodoviário Mariano Procópio na Praça Mauá e uma vez, enquanto esperávamos o transporte, vimos que havia um verdadeiro escrete de cômicos muito populares, também em grupo, aguardando embarque para São Paulo: Costinha, Zé Trindade, Brandão Filho, Colé, Walter D`Ávila e Grande Otelo. Os mais famosos do Brasil, no cinema, rádio e na ainda incipiente televisão. Até parece que iam disputar um grande “campeonato do riso” na Paulicéia...Claro que os elegemos para uma “pegadinha”- para passar o tempo enquanto o ônibus não vinha. Combinamos e partimos para a ação. Par ou ímpar... e três foram escalados. De papel e caneta na mão, a intervalos, um a um nos aproximamos dos comediantes, pedimos seus autógrafos e eles, satisfeitos, iam assinando. Mas combinamos: sempre quando chegasse a vez do Colé falaríamos que não era preciso. Eu, por exemplo, disse: “não, só os mais famosos...” A cara de decepção do Colé era de morrer de rir !!! Vocês não imaginam. Logo ele, que estava no auge da badalação, fazia dupla com a bela vedete argentina Nélia Paula, no Teatro Follies da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, logo alí no Posto Seis, em frente à Galeria Alaska. A gozação dos outros artistas em cima dele foi impagável: o riso espalhafatoso do Grande Otelo, os gritinhos em falsete do Costinha e o bordão famoso do Zé Trindade: “o que é a Natureza...” O Colé sofreu. Desforra pelas inúmeras vezes em que ele, Colé, chamava um assistente de suas peças ao palco e “gozava” impiedosamente o infeliz, sob o delírio da platéia. Naquela noite ele pagou os pecados. No fim, quando eles iam embarcar, ficamos com pena, fomos até eles e dessa vez pedimos o autógrafo do desolado Colé, explicando que era coisa de atletas gozadores, para animar a noite. E acrescentamos que o Colé era nosso ídolo, não saíamos do Follies, bla bla, bla... Mas que foi uma comédia, lá isso foi... Em Santos tudo era bom. A Cidade era muito parecida com o Rio e estava no auge do prestígio: era o ponto de encontro dos paulistanos em férias. Os mais ricos frequentavam o Parque Balneário Hotel, um daqueles luxuosos cassinos arruinados pela proibição dos jogos de azar em 1946, pelo Presidente Dutra, sob a inspiração de Dona Santinha, sua esposa, catequizada pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. Moralismo que desempregou 53.200 pessoas de imediato ! Era no Parque Balneário que nós, atletas tricolores, sempre convidados de honra, também montávamos nosso quartel-general fora das quadras. Bailes com boa música, as famílias quatrocentonas na última moda e nós com nossos impecáveis ternos sob medida – a turma era elegante e o Rio, na época, ditava o que era “in” ou “out”. Para nós, cariocas, o que mais impressionava naquelas festas é que se tratava de um baile de sobrenomes: as pessoas, ao se apresentarem, diziam o nome de família e só depois o prenome – que era o que nos interessava, em princípio. Em certos momentos, havia um cheiro de Carnaval fora de época no salão – era o lança-perfume levado do Rio para ser jogado nos decotes das paulistanas em flor – que se arrepiavam de frio mas acabavam adorando a brincadeira. Os jardins do Hotel também eram muito bem cuidados e iluminados e para lá a festa se prolongava quando os pares descansavam, pois se ouvia ao longe o bolero ou o blue da orquestra afinada. Bem...e havia o voleibol, é claro, com nosso time brilhando. Ficávamos sempre à beira-mar, na Praia do José Menino. Às vezes em Hotel, outras vezes em Colégios como o Escolástica Rosa - que mantinham internatos e estavam em férias. Qualquer que fosse o lugar, tudo se ajeitava – jogo de cintura não nos faltava. Eram outros tempos, o esporte da rede de alto nível de competição era elitista e não estava ao alcance de todas as classes sociais. No ano em que nos alojaram no Escolástica Rosa, com os 12 atletas em um grande dormitório com 6 camas-beliche bastante incômodas, às vésperas da Final do Torneio fomos, por conta própria, para uma pensão onde poderíamos descansar melhor. Outro ano, em que a comida dos jogadores era péssima e o Chefe da Delegação era Fábio Egipto, sutilmente o convidamos, juntamente com sua esposa Dona Electra, para jantar no melhor restaurante da cidade – no Hotel Atlântico. Em meio aos camarões, tournedos e morangos com creme – tudo pago por nós... – fizemos com que o dirigente entendesse nosso protesto mudo. As brincadeiras eram muitas e às vezes exageradas. Marquinhos, nosso levantador, tinha sono pesadíssimo. Nada o acordava. No fim de certa madrugada, sua cama foi conduzida para a beira dos trilhos da linha de bondes da Praia de José Menino e seus companheiros fizeram plantão até a chegada do primeiro bonde do dia, às 5 da manhã. O motorneiro, ao ver aquela cama envolta em quilômetros de papel higiênico, acionou o alarme do bonde e conseguiu acordar o Marquinhos, que ficou atônito. Só despertou de fato quando seus companheiros o abraçaram e levaram a cama de volta para o Hotel entre risadas mil. Eram assim aqueles tempos irresponsáveis mas inocentes. 2. RECICLAGEM É UMA ÓTIMA ! Pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, calcula que o potencial máximo de reciclagem no Brasil, se atingido, geraria renda de R$ 8 bilhões ao ano. Hoje, a economia obtida com a atividade está na faixa de R$ 1,3 a 3 bilhões anualmente. Atualmente, apenas 14% da população brasileira conta com o serviço de coleta seletiva e somente 3% dos resíduos sólidos gerados nas cidades são coletados nos municípios. Seria ótimo elevar essa performance porque a reciclagem tem permitido o resgate social de grupos excluídos, além de contribuir decisivamente com as políticas de conservação do meio ambiente. 3.GERAÇÃO DE EMPREGOS – Em abril, 305.068 empregos formais foram criados em nosso País, acumulando um total de 962.327 postos de trabalho gerados neste ano. Isso confirma as previsões de chegarmos ao fim de 2010 com saldo positivo superior a 1,7 milhão de carteiras assinadas – que é a quantidade mínima requerida para dar emprego à totalidade da nova geração de jovens que chega todo ano ao mercado de trabalho. 4.SUIPA E OUTROS BICHOS – Não conheço os envolvidos, mas sinto que o problema que acomete a SUIPA no Rio de Janeiro é a falta de recursos para dar, aos animais abandonados, o tratamento adequado. Os bichos chegam à instituição aos milhares e em estado deplorável. Apesar dos poucos recursos, a SUIPA recebe-os todos e ministra-lhes o tratamento que lhe é possível – e não o ideal. Há setores da vida nacional que tratam de gente, com a mesma falta de meios, prestam serviços deficientes e talvez não choquem tanto a opinião pública. Vamos punir todos (humanos ???) que abandonam seus animais indefesos, sem dó, piedade e responsabilidade. Um chip nos bichos seria uma boa forma de ajudar a SUIPA a cumprir sua missão humanitária.

6 comentários:

  1. Arlindo,
    Ganhamos todos quando nos conta suas histórias, pois consegue envolver e conduzir-nos por caminhos memoráveis. Agradeço a atenção ao meu pedido. Em reconhecimento, e também em homenagem aos personagens que construiram a história do Fluminense no voleibol, estarei produzindo um texto em meu blogue brevemente. Roberto Pimentel.

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  2. Arlindo
    Esse seu texto cheio de reminiscências do seu passado voleibolístico me deixa impressionado com a sua capacidade de atrair à consciência presente algo que estava no passado, algo que se revela claro e nítido e volta-se a viver de novo, particularmente para mim que conheci e acompanhei de perto toda a sua trajetória escolar e esportiva, bem como a dos artistas a que vc se referiu.
    O Paulo Azeredo, se não me falha a memória, foi nosso professor de Educação Física no Mello e Souza.
    Amadureça a ideia de elaborar um livro com as suas crônicas.
    Um abraço,
    Ronaldo

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  3. Agradeço os generosos comentários dos meus dois companheiros do voleibol oficial que também viveram aqueles tempos heroicos do amadorismo. Ronaldo: Paulo Azeredo foi nosso professor de Educação Física quando nós estávamos no Admissão (5o.ano primário) do Mello e Souza. Roberto: seu blog está cada vez melhor. Arlindo

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  4. Arlindo,
    muito interessante é reviver tanto seu tempo de voleibol como aquele humor gostoso que surge nestas suas linhas, humor este que conseguia encobrir seu ar de menino timidamente "mascarado"
    Como sempre,desejo ver estas memórias reunidas.


    A SUIPA,um retrato bem desenhado por você é uma enorme dor para quem,como nós ,gosta da vida-
    -que não apareça entretanto uma "ONG das Selvas".

    SAUDAÇÕES THEREZA

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  5. Arlindo,parabens. Gostei muito de recordar o que é viver intensamente.

    Marco Antonio Azeredo
    Rua Cristo Redentor nº115 casa Itaipava Petrópolis
    marcoantonioazeredo@gmail.com

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  6. Caro Marco Antonio: foi bom saber que você leu meu blog e melhor ainda porque despertou minha vontade de escrever sobre o amigão, professor e técnico Paulo Azeredo, um atleta excepcional. Arlindo

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